Encargos com juros sobem 645 milhões de euros em 2010. Estado irá terminar ano com uma dívida de 142,2 mil milhões de euros. Cada português pagará 14 mil euros.
A crise da dívida pública portuguesa está a sair cara aos portugueses: em 2010, por causa do recurso ao financiamento nos mercados externos, a dívida do Estado vai custar a cada português, segundo os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), cerca de 14 mil euros por ano, um aumento significativo em relação aos cerca de 13 mil euros no ano passado. Só em juros, Portugal pagará, este ano, por força da subida das taxas de juro, mais 645 milhões de euros. E o risco do País disparou: ontem, o juro das Obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos atingiu 6,64%, o valor mais alto desde a adesão ao euro, e o spread pago aos credores aumentou sete vezes no último ano.
Os dados do INE indicam que, no final de 2010, a dívida bruta do Estado irá ascender a 142,2 mil milhões de euros, contra 127,9 mil milhões de euros no ano passado. Por este montante, o País pagará quase 5,45 mil milhões de euros em juros, um crescimento de 13,4% em relação aos 4,8 mil milhões de euros registados em 2009.
Como o risco da dívida pública portuguesa tem vindo a agravar-se desde o início do ano, tudo indica que, devido à subida das taxas de juro, os encargos com os juros serão, no próximo ano, ainda mais elevados. Para já, ontem, a taxa de juro das OT a 10 anos ultrapassou a fasquia dos 6,5%, um claro indicador de como os investidores encaram o risco de Portugal não pagar as suas dívidas.
Ao que o CM apurou, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), no âmbito da sua estratégia de acção, tem enviado para os mercados financeiros sinais de confiança sobre a situação do País. O próprio Governo atribui o aumento do risco da República à "irracionalidade que caracteriza actualmente os mercados financeiros", segundo disse ontem o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças. Carlos Costa Pina foi categórico: "Quer se goste, quer não se goste de ouvir falar disso, é uma evidência." E precisou: "Enquanto não se conseguir resolver a questão no plano internacional, Portugal não terá o problema resolvido."
Certo é que, por comparação com a dívida pública da Alemanha, considerada a mais segura da Europa pelos mercados financeiros, ontem, os credores, para emprestarem dinheiro ao Estado português, pediam um spread de 4,27 por cento. Há um ano, os investidores compravam dívida pública portuguesa com uma margem de lucro de apenas 0,58 por cento.
FONTE: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/divida-custa-14-mil--a-cada-cidadao221013580
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