Educação
Agredido e insultado por alunos, docente que lecciona na mesma escola onde professor se suicidou em Fevereiro está de baixa e em depressão.
Um professor da EB 2,3 de Fitares (Sintra), a mesma onde leccionava Luís Carmo, que se suicidou em Fevereiro, está em casa de baixa e em depressão depois de uma série de casos de indisciplina e violência dos alunos. 'Fui agredido e enxovalhado, não tenho condições para ir à escola. Nunca pensei que me pudesse acontecer o mesmo que sucedeu com o Luís', disse ao CM o docente, que solicitou anonimato.
Tal como no caso de Luís Carmo, este professor acusa a escola de não punir devidamente os alunos infractores. 'Fui agredido no dia 8 de Fevereiro por um aluno que me empurrou contra um armário e me mandou para o c... O aluno não foi suspenso preventivamente como devia e isso criou-me um drama pessoal', disse o docente. A escola abriu um inquérito disciplinar, mas o professor afirma que o aluno foi ilibado. 'Passaram dois meses e meio e ainda não tive acesso ao despacho da decisão para poder recorrer'.
O docente denuncia ainda que os alunos recorrem com frequência a insultos homofóbicos. 'Por um professor ser solteiro eles chamam-lhe gay. Isto pode destruir uma pessoa. Tenho 43 anos e nunca senti esta ansiedade por ter de ir para uma sala de aula, não suporto mais isto, estou em depressão e farto de ser maltratado'.
O docente está nesta escola desde 2005 e garante que os cargos que exerceu no passado são também um dos motivos para ter sido escolhido como alvo. 'Era assessor da direcção e fui instrutor de muitos processos disciplinares, suspendi mais de cem alunos. Este aluno que me agrediu não pode comigo porque tive de o suspender várias vezes. Isto é uma escalada imparável', afirma, revelando que a directora da escola, Cristina Frazão, recusou transferir o aluno em causa da turma, que é a que lhe tem causado mais problemas.
O CM chegou à fala com a directora, mas esta escusou-se a prestar declarações, limitando-se a dizer que aguarda pela conclusão do inquérito aberto pela Inspecção-Geral da Educação ao suicídio do professor Luís Carmo.
GABINETE DISCIPLINAR SEM FUNCIONAR
Uma das críticas apontada à actual direcção da escola é o facto de ter acabado com o gabinete disciplinar criado para gerir conflitos existentes no espaço escolar, denominado ‘projecto pontos nos iii’’. Os alunos expulsos das aulas eram encaminhados para este gabinete e convidados a fazer uma auto-reflexão, sendo-lhes ainda atribuídas tarefas didácticas. Segundo professores contactados pelo CM, o gabinete deixou de funcionar. Confrontada pelo CM sobre o gabinete disciplinar, a directora Cristina Frazão afirmou: 'Não sei o que é isso'.
APONTAMENTOS
OUTROS CASOS
Houve mais casos de violência. Uma docente desmaiou depois de ter sido empurrada pelos alunos e teve um traumatismo craniano. Uma funcionária foi empurrada nas escadas.
40 POR CENTO CHUMBA
A EB 2,3 de Fitares, na freguesia de Rio de Mouro, tem cerca de 900 alunos, a maioria é oriunda de famílias com poucos recursos. Dados de 2007 indicam que no 9.º ano quase 40 por cento dos alunos chumbaram.
Bernardo Esteves
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