20 de abril de 2010

Seis custam 20% do total das reformas do BCP

BCP

Administração de Santos Ferreira tira carros, motoristas, seguranças e helicópteros a ex-administradores.

As pensões dos seis ex-administradores do Millennium BCP totalizam 20% do total dos montantes pagos pelo banco em reformas aos funcionários. Segundo apurou o CM o Millennium BCP pagou, em 2009, mais de 31 milhões de euros em reformas aos colaboradores. De acordo com o ‘Diário Económico’, Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal, Paulo Teixeira Pinto, Alexandre Bastos Gomes, Alípio Dias e Christopher de Beck recebem, anualmente, cerca de 6,5 milhões de euros.

Trata-se de uma verba que se vai manter. Carlos Santos Ferreira, presidente da comissão executiva do banco, deixou a garantia na assembleia geral do passado dia 12 de que 'todas as decisões sobre reformas dos colaboradores só terão efeitos para o futuro'. Esta decisão mereceu um desabafo do presidente da Comissão de Remunerações, Joe Berardo, que confidenciou que 'dói muito pagar a quem não está a trabalhar'.

Uma afirmação que terá sido interpretada como um desabafo em relação a Armando Vara, mas que o Correio da Manhã sabe ter sido directamente dirigida a Jorge Jardim Gonçalves, que estava presente na reunião magna do Millennium BCP. O que não ficará igual são os benefícios que os ex-administradores auferiam em termos de viaturas, segurança e viagens.

Baseado numa directiva da Comissão de Remunerações, o actual conselho de administração decidiu retirar os carros e os motoristas postos à disposição dos ex-administradores, bem como as seguranças pessoal e das respectivas residências, que eram suportadas pelo banco, e as viagens privadas de helicóptero e de avião.

'Os advogados de ambas as partes estão a tentar a chegar um acordo extrajudicial', afirmou ao Correio da Manhã fonte ligada ao processo, que adiantou que a 'decisão da Comissão de Remunerações foi tomada fora do âmbito das suas competências'.

DECISÃO NÃO SAIRÁ ANTES DE SETEMBRO

A CMVM, regulador da Bolsa, não deverá tomar uma decisão relativa ao processo BCP, em que são arguidos 12 ex-gestores do banco, antes do final do Verão. Ao que o CM apurou, o supervisor está a 'analisar o impacto das inquirições feitas' às testemunhas apresentadas pela defesa na contestação à acusação individual. 'As testemunhas já foram todas ouvidas', confirmou a mesma fonte, adiantando que a decisão 'não sairá antes de Setembro'.

O CM sabe que a CMVM ouviu mais de cem testemunhas. Só Jardim Gonçalves prescindiu do rol de depoimentos inicialmente apresentados. Na lista das testemunhas, o banqueiro incluía nomes sonantes como os antigos presidentes Mário Soares e Ramalho Eanes, os ex-ministros Eduardo Catroga e Pina Moura e o ex-governante António Guterres.

A acusação da CMVM é por prestação de falsa informação ao mercado, em 2000 e 2001, anos em que o BCP terá usado 17 offshores para a subscrição de acções próprias nos aumentos de capital. Neste processo, a CMVM acusa individualmente cada um dos responsáveis do BCP implicados no caso. A infracção resultou numa primeira acusação e consequente coima de três milhões de euros ao banco, valor que o tribunal reduziu em um milhão.

NOTAS:

BELMIRO: 435,8 MIL EUROS

Belmiro de Azevedo, presidente do conselho de administração da Sonae SGPS, recebeu 435,9 mil euros de salário fixo no ano passado, não tendo direito a qualquer remuneração variável

JUSTIÇA: INSTRUÇÃO

O Ministério Público deduziu acusação contra os ex-gestores do BCP no caso das 17 offshores. O processo está na fase de instrução. Os arguidos querem anular a acusação

FILIPE PINHAL: LIVRO


Filipe Pinhal lança hoje o livro ‘A Bem Dizer’, onde ataca a Banca, acusando-a de estar ao serviço das empresas, num processo que apelida de 'economia de influência'

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