20 de março de 2010

Aluno esfaqueado na escola

20 Março 2010 - 00h30

Bullying

Aluno esfaqueado na escola


Jovem de 16 anos foi internado no Hospital de Santa Maria em estado grave. Agressor foi detido.

Um aluno de 16 anos do 8º ano da Escola Secundária Braamcamp Freire, na Pontinha (Odivelas), foi ontem brutalmente esfaqueado por um colega, entretanto detido pela PSP de Loures. Gladis estava ontem em estado grave no Hospital de Santa Maria. É a mais recente vítima da violência escolar, tema que ontem levou a ministra da Educação, Isabel Alçada, à Assembleia da República, convocada para um debate de urgência.

O confronto ocorreu à porta da escola da Pontinha, cerca das 13h00. Uma aluna, que pediu para não ser identificada, disse que ninguém pensava que tal acontecesse porque os jovens eram amigos. 'Ainda na quinta-feira estavam os dois aqui a falar', acrescentou. Na escola, um outro aluno descreveu o momento: 'Estavam os dois aqui fora à porta da escola quando foi usada uma faca com serrilha.'

O esfaqueamento terá acontecido depois de uma acesa discussão entre ambos, com troca de insultos. Rapidamente se juntou um grupo de jovens em redor dos envolvidos no confronto.

Gladis terá fugido a sangrar em direcção do Centro de Saúde da Pontinha, onde foi socorrido. Ontem, ao final da tarde, ainda eram visíveis à entrada da escola vestígios de sangue. O agressor, também de 16 anos, terá fugido mas uma hora depois foi detido por agentes da Polícia nas imediações da escola, revelou fonte da PSP de Loures.

O agressor desferiu sucessivos golpes na barriga do aluno, que foi tranferido de ambulância do Regimento de Sapadores da Pontinha para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Os colegas dizem que o Gladis era conhecido na escola por ser o cantor rapper Derry Fost, cujas músicas estão em vários sites da Internet.

A direcção da escola não prestou qualquer esclarecimento sobre o duelo de sangue ocorrido no portão da escola, que conheceu outros actos de violência num passado recente.

A violência à porta e no interior da escola leva a que ninguém queira assumir publicamente o medo que se vive na Pontinha. A mãe de um aluna contou que todos os dias vem à escola para levar e trazer a filha, de 14 anos.

Uma professora, que pediu o anonimato, alertou para o facto de os alunos mais problemáticos serem os mais novos, de 14 e 16 anos. A professora considera que, perante os sucessivos casos, os alunos deveriam ser revistados para não levarem armas para as aulas.

Recorde-se que na terça-feira, na Escola Básica 2,3 Almeida Garrett, em Alfragide (Amadora), outro aluno de 16 anos foi esfaqueado por um de 14 anos.

FAMÍLIA ACUSA PROFESSORA DE AGRESSÃO

A família da criança de 10 anos que mordeu e agrediu uma professora na escola de Cimo de Vila, em Melres, Gondomar, anteontem à tarde, acusa a professora de ter molestado a criança, o que provocou a fúria da menina. 'Ela é muito nervosa e quando a professora lhe deu um estalo, ela defendeu-se e não conseguiu parar', contou ao CM Ângela Nogueira, a mãe da aluna. A menor já se mostrou arrependida pelas agressões e enviou um pedido de desculpa a todos os colegas e professores. 'Nunca lhe bati. Chamei-lhe à atenção por três vezes por estar a escrever na mesa. Quando a mandei limpar, ela explodiu. Mordeu-me, agrediu-me e eu desmaiei', explicou ontem ao CM a professora, Alzira Laxado.

PORMENORES

PROJECTO DO CDS-PP

O Parlamento debate na próxima sexta-feira um projecto de lei do CDS-PP para rever o Estatuto do Aluno, num agendamento potestativo.

BE DEFENDE EQUIPAS

O Bloco de Esquerda defendeu na Assembleia a introdução nas escolas de equipas multidisciplinares, redução do número de alunos por turma e aumento do número de auxiliares.

REFORÇAR AUXILIARES

A Oposição quer que o Governo aumente o número de auxiliares, para corresponder às necessidades reais, contribuindo para aumentar a segurança nos estabelecimentos.

APOIAR VÍTIMAS É PRIORIDADE

A Associação Nacional de Professores congratulou-se com a intenção de distinguir faltas justificadas e injustificadas mas lembrou que o mais importante é prevenir a violência nas escolas. João Grancho considera imperativo que se discuta o reforço do mecanismo de actuação das escolas e o acompanhamento de alunos vítimas de violência.

FNE DÁ APOIO A NOVA MEDIDA

João Dias da Silva, líder da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), considerou positiva a distinção anunciada entre faltas. 'Era uma situação que contribuía para a diminuição da importância da responsabilidade dos alunos relativamente à sua obrigação de assiduidade', afirmou, defendendo ainda que as famílias sejam mais responsabilizadas.

PAIS DE LEANDRO PROCESSAM ESCOLA

Os pais de Leandro, a tia e o primo do menino que se atirou ao rio Tua farto de ser agredido pelos colegas da escola, foram ontem ouvidos pelo inspector-geral da Educação, no âmbito do inquérito à morte da criança de 12 anos. No final, o responsável só disse que a conclusão do inquérito está 'para breve' mas ainda irá ouvir mais pessoas.

A família de Leandro vai processar a escola. 'Queremos tirar dali aqueles incompetentes. Vamos até ao fim', disse a mãe de Leandro, Amália Nunes. A 25, o casal é ouvido pelo Ministério Público.

REGIME DE FALTAS ALTERADO

As faltas justificadas e injustificadas vão passar a ser diferenciadas no novo Estatuto do Aluno, que será apresentado pelo Ministério da Educação até ao final do mês. A decisão de alterar o regime de faltas foi anunciado pela ministra Isabel Alçada, que ontem esteve no Parlamento num debate de urgência convocado pelo CDS para discutir a violência escolar.

'Serão introduzidas alterações ao regime de faltas, com diferenciação entre faltas justificadas e injustificadas', afirmou Isabel Alçada, acrescentando que a revisão do estatuto visa 'reforçar a intervenção preventiva das escolas em casos de violência ou indisciplina'.

O Presidente da República, numa visita ao Sport Grupo Sacavenense, que comemora o 100º aniversário, congratulou-se pela revisão do estatuto. 'Lembro-me do debate que foi estabelecido à volta do estatuto e congratulo-me com o facto de agora se ter chegado à conclusão de que é preciso revê-lo', afirmou Cavaco Silva, sublinhando que 'é necessário fazer--se alguma coisa para combater a violência escolar'. Os deputados do CDS não deixaram de reagir à ministra. 'É bom saber que acolhem as ideias do CDS nestas matérias', afirmou o deputado José Manuel Rodrigues.

AUXILIAR DE EDUCAÇÃO AGREDIDA POR ALUNO DE 13 ANOS E FAMILIARES

Uma auxiliar de educação da escola do 1º ciclo de Vale Mansos, Coruche, com a função de vigilante no transporte escolar, foi agredida por um aluno de 13 anos e familiares.

A agressão ocorreu anteontem, no recinto da escola, e a vítima sofreu escoriações no rosto e hematomas no corpo, tendo sido assistida no Hospital de Santarém e estando desde então de baixa médica. A agressão foi o último exemplo do mau comportamento de alguns elementos de etnia cigana e levou já à suspensão do transporte escolar a quatro alunos com idades entre os 6 e os 8 anos. 'Têm ocorrido muitos problemas não só nos autocarros mas também nas escolas e nas salas de aula, onde chegam a ofender os professores', disse ontem o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes.

NOTAS

SUICÍDIO: PROFESSOR DE FITARES

Luís Vaz do Carmo, professor de Música da escola do 2.º e 3.º ciclos de Fitares (Sintra), suicidou--se em Fevereiro depois de sofrer sucessivas agressões verbais e físicas dos alunos

CONFAP: CHUMBO POR FALTAS

Albino Almeida, da Confederação Nacional de Pais, é contra o regresso do chumbo por faltas. 'Cada aluno que reprova são três mil euros deitados à rua', afirmou ao CM

FENPROF: TOMADA DE POSIÇÃO

O Conselho Nacional da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) aprova hoje uma posição sobre o combate às crescentes situações de indisciplina e violência nas escolas

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