Perícia a contas bancárias detecta discrepâncias entre depósitos e declarações ao Fisco dos suspeitos.
A perícia da PJ às contas dos principais suspeitos e envolvidos no caso Freeport detectou depósitos de vários milhões de euros sem origem conhecida e movimentações ocultadas às Finanças. Os casos mais expressivos são os de Charles Smith e Manuel Pedro.
Os sócios da "Smith & Pedro" - consultora que intermediou o licenciamento e instalação do centro comercial Freeport em Portugal - retiraram das contas daquela empresa, aparentemente sem justificação, respectivamente 945 mil e 936 mil euros, entre 2000 e 2005.
Depois, a vida bancária dos mesmos arguidos do processo Freeport chama a atenção pelo facto de os valores movimentados serem mesmo muito superiores aos declarados ao Fisco. Entre 1999 e 2004, Charles Smith declarou rendimentos de cerca de 180 mil euros, mas movimentou 1,8 milhões. Já Manuel Pedro, no mesmo período, declarou às Finanças 307 mil euros mas pelas suas contas passaram 1,9 milhões.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o relatório de perícia financeira da Polícia Judiciária refere ainda outros aspectos que ficam incógnitos. Designadamente o destino final de numerosos levantamentos em dinheiro vivo.
Em 2002 - ano do licenciamento do Freeport -, o escocês Charles Smith levantou 145 mil euros em notas. No total, entre 2000 e 2005, este tipo de retirada de verba das suas contas elevou-se a 282 mil euros. Não se sabe o destino final.
Número parecido é o do sócio Manuel Pedro: 210 mil euros, entre 1999 e 2005, sendo o ano de 2002 o mais significativo.
Arquitecto com sete milhões
Mas, em termos de expressão de verbas que presumivelmente passaram à margem do Fisco, quem está no topo é a empresa do arquitecto Capinha Lopes - que também interveio no projecto do Freeport.
Entre 2002 e 2004, do Banco Insular, BPN e BPN Cayman - tudo bancos ligados ao processo BPN - vieram um total de sete milhões de euros. Da empresa-mãe inglesa recebeu 1,7 milhões de euros. Às Finanças foram declarados 210 mil euros, entre 2002 e 2004.
Carlos Guerra, presidente do Instituto de Conservação da Natureza (e irmão de João Guerra, o procurador que investigou o processo Casa Pia), nos anos em que foi chumbado e aprovado o projecto do Freeport - a aprovação do estado de impacto ambiental ocorreu em 2002 - também apresenta discrepâncias entre os seus rendimentos declarados e o montante dos depósitos.
Entre 1999 e 2004 declarou 298 mil euros, mas nas suas contas foram creditados 725 mil euros. Um aspecto particular chamou a atenção dos investigadores: depósitos em notas no valor de 150 mil euros, durante 2002.
Tanto Carlos Guerra como José Manuel Marques, vice-presidente do ICN, vieram a colaborar em empresas de Charles Smith e Manuel Pedro. Marques movimentou nas suas contas, entre 1999 e 2004, mais 277 mil euros do que aquilo que declarou ao Fisco.
FONTE: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1621365
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