Segundo o INE, 17,9% dos portugueses vivem numa situação de risco de pobreza. Os desempregados são os mais afectados.
Quase um quinto dos portugueses está numa situação de risco de pobreza, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo os dados do "Inquérito às Condições de Vida e Rendimento", há em Portugal 1,9 milhões de pessoas que vivem com menos de 414 euros por mês. Este número, correspondente a 17,9% da população residente, apresenta um ligeiro decréscimo (menos 210 mil pessoas em risco de pobreza) face aos 18,1% registados no inquérito anterior, mas não deixa de ser extremamente preocupante.
As informações ontem divulgadas no inquérito do INE - realizado em 2009 e que incidiu sobre os rendimentos de 2008 - mostram que apesar de ter havido uma ligeira melhoria nesta matéria ainda há um fosso muito grande entre os portugueses que mais recebem e os que menos rendimentos apresentam.
De acordo com estas estatísticas, o rendimento do grupo de 20% das pessoas "com maiores rendimentos correspondia a seis vezes o rendimento de 20% com menores rendimentos". Quando a comparação é feita para grupos de 10%, os dados indicam que quem mais recebe tem rendimentos 10,3 vezes superiores aos 10% da população com menos rendimentos.
Os dados do inquérito do INE demonstram que o valor da taxa de risco de pobreza em Portugal só não é mais acentuado devido ao "impacto das transferências sociais (excluindo pensões)". Sem estas transferências, e "considerando apenas os rendimentos do trabalho e transferências privadas", refere o instituto, "41,5% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza".
As conclusões do "Inquérito às Condições de Vida e Rendimento" do INE mostram que são os de-sempregados e os reformados que mais risco de pobreza apresentam. Ao todo, 42,8% dos indivíduos que estão desempregados estão no patamar mínimo, com rendimentos anuais iguais ou inferiores a 4969 euros. Já no caso dos reformados, o valor é mais baixo, mas abrange ainda 17,4%.
No que diz respeito ao risco de pobreza nos agregados, é nas famílias com dois ou mais filhos que a probabilidade de entrar numa situação de pobreza é maior, representando 42,8% do total deste tipo de agregado. Igualmente preocupante é a situação dos agregados constituídos por apenas um adulto e uma criança, em que o risco de pobreza ameaça 38,8% dos casos. O tipo de agregado em que o risco de pobreza é menor (apenas 8%) são os lares constituídos por três ou mais adultos, sem crianças dependentes.
Segundo o INE, no período analisado o risco de pobreza agravou--se para a população em situação de desemprego, registando agora 37% dos indivíduos, por oposição aos 34,6% registados no inquérito anterior. Já no que diz respeito ao risco de os reformados entrarem em situações de pobreza, registou--se um decréscimo neste risco superior a 2%, tendo passado de 22,3%, em 2007, para 20,1% em 2008.
Esta redução mereceu ontem um comentário do Ministério do Trabalho, que destacou a "quebra muito significativa" do risco de pobreza na população idosa.
"Constata-se que a incidência da pobreza já não é tão visível entre a população mais idosa, mas subsiste nas famílias mais vulneráveis, com dependentes e com desempregados", referia uma nota do gabinete de Helena André, que sublinhava a "diminuição observada desde 2004, em que se situava em 29%".
FONTE: http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1619317
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