21 de junho de 2010

Postos SOS de IP e IC ficam sem funcionar até 2011

Concessionária diz que rede de 304 pontos estava obsoleta e era cara. E desligou-a.

Os 304 postos de SOS dos itinerários principais e complementares (vulgo IP e IC) estão fora de serviço. Foram ensacados e apertados com fita adesiva. Estão todos desactivados e ninguém pode usá-los para pedir ajuda em caso de emergência nas principais estradas da rede rodoviária nacional. Isso mesmo confirma a Estradas de Portugal (EP), empresa concessionária: os postos SOS foram "calados" para remodelar toda a rede e, pelo menos até 2011, os automobilistas não podem contar com eles. Os representantes das comissões de utentes do IP3 e do IP4 estão indignados.

"O actual sistema SOS, instalado em meados da década de 90, será totalmente renovado por tecnologias mais avançadas", tendo em conta, designadamente, "melhores capacidades de gestão de níveis de serviço e consequente optimização de custos, derivado às actualizações tecnológicas disponíveis actualmente no mercado" refere a Estradas de Portugal , via e-mail, respondendo às questões lançadas pelo DN.

A concessionária de algumas das principais vias nacionais não diz qual será o próximo modelo a adoptar para colmatar a supressão do actual equipamento. "Os casos do IC2, IC6 e IP3 enquadram-se no plano de revisão dos sistemas de emergência de toda a rede nacional da EP, que mesmo não estando em rede de auto-estrada, se encontra actualmente em processo de revisão e de avaliação para a sua substituição a partir de 2011", refere a empresa.

Segundo os números divulgados, "o sistema de emergência SOS da Estradas de Portugal era constituído por 304 postos, sendo o atendimento dos mesmos realizado pela GNR, nos quartéis de Vila Real, Coimbra, Santarém e Beja".

A EP coloca a excepção nas auto-estradas, porque, "de acordo com o actual contrato de concessão da rede rodoviária nacional do Estado com a EP - Estradas de Portugal, SA, estabelece-se expressamente no n.º 48.1, a obrigação de ser assegurada assistência aos utentes das auto-estradas, mas apenas nestas vias".

Perante este cenário, Luís Basto, o dirigente da Comissão de Utentes do IP4, mostra-se profundamente chocado. Um dos argumentos de quem defende os utilizadores desta via - que liga Matosinhos a Trás-os-Montes à fronteira de Espanha em Bragança (fronteira de Quintanilha) - é o de que "neste troço de montanha, em que há zonas onde não há qualquer hipótese de pedir ajuda a ninguém, não há aldeias nem estações de serviço, esse dipositivo só deveria ser desactivado depois de as viaturas estarem equipadas com sistemas automáticos de alerta". No caso do IP4, critica, "é incompreensível: não é por causa de postos SOS que se gasta mais dinheiro ao País". Remata: "Parece que Portugal é todo para fechar, tirando Lisboa e Porto."

A cem quilómetros dali, Eduardo Ferreira, presidente da Comissão de Utentes do IP3 (Coimbra/Viseu), diz o mesmo, indignado. E acrescenta: "É evidente que os telemóveis vieram ajudar as comunicações, mas há muitos momentos em que não há rede, bateria ou dinheiro! As coisas essenciais à vida têm de se manter, por via do Estado. Isto é a psicose da poupança levada ao extremo."

Até 2011 não vale a pena carregar no botão dos postos cor de laranja que dizem SOS. A concessionária aconselha ... o uso de telemóvel (ver caixa).

FONTE: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1598856

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