Passa dia na escola com o filho doente

Hercílio Pacheco tem 40 anos e é pai de Daniel, uma criança diabética que, há dois, trocou a caneta por uma bomba de insulina. O novo tratamento exige um acompanhamento constante e alterou por completo a vida da família de Mouriz, em Paredes. "A cada hora e meia tenho de medir a glicemia do meu filho. Por isso, passo o dia na escola e fui obrigado a deixar o emprego", explica Hercílio.

A escola não tem funcionários com formação para acompanhar Daniel e por isso não podem assumir a responsabilidade, até porque um pequeno erro na dosagem do medicamento pode levar o aluno a ter uma crise. Conformado com a rotina diária, em que aguarda no banco todo o dia junto à entrada da escola pela hora de fazer nova medição ao menino, Hercílio Pacheco tem um só desejo: ter um emprego no Centro Escolar frequentado por Daniel. "Assim, conseguia estar perto do meu filho, manter-me ocupado durante o dia e ainda ganhar algum dinheiro", justifica, ciente de que o apoio permanente ao filho deverá durar pelos menos mais dois anos.

O drama da diabetes chegou tinha Daniel quatro anos. Aos seis, a situação agravou-se. "O Daniel tomava insulina através de uma caneta, mas começou a ficar com atrofia muscular nos locais onde se injectava", refere o pai. O ano de 2009 estava perto do fim quando os médicos decidiram trocar a caneta por uma bomba infusora, aparelho que é transportado pelo doente e que vai libertando continuamente pequenas quantidades de insulina.

A nova realidade trouxe uma exigência impossível de contornar: um dos progenitores teria de acompanhar Daniel 24 horas por dia. "É um equipamento muito complexo e o Daniel não tem autonomia para lhe mexer", diz o pai do menino.

Hercílio Pacheco demitiu-se do cargo de administrativo numa empresa de construção civil e passou, desde Dezembro de 2009, a acompanhar permanentemente o filho.

FONTE: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/saude/passa-dia-na-escola-com-o-filho-doente