Agência internacional foi contratada para ajudar Portugal junto dos mercados financeiros. Data por esclarecer: contrato é de Maio, mas as primeiras notícias são de Fevereiro.
Em plena campanha pró-PEC III, o Governo continua a recorrer aos préstimos da Kreab Gavin Anderson (KGA) para ajudar a imagem do País junto dos mercados financeiros, garantiu ao DN fonte oficial do Ministério da Economia. O contrato com a empresa multinacional - até agora envolto em sigilo - custou aos cofres do Estado 330 mil euros.
Para já, porém, o contrato não foi ainda (como exige a lei) publicado no site governamental Base - que publicita todos os contratos públicos.
Será uma questão de dias, alega fonte oficial do Ministério da Economia: "Ainda não consta [do site] porque aguarda a certificação da PME Investimentos [o organismo que contratou pelo Estado a agência] por parte da Imprensa Nacional-Casa da Moeda."
Ainda assim, restam contornos menos claros na celebração do contrato. Desde logo, porque desde Fevereiro surgem na imprensa notícias da colaboração da Kreab Gavin Anderson com o Governo, tendo sido, inclusive, referido que a KGA aconselhou o Executivo a atrasar as medidas do PEC I para que a imagem do País não fosse colada à da Grécia.
Porém, segundo dados fornecidos ontem pelo Governo ao DN, o contrato com a KGA só foi assinado quase três meses depois, precisamente no dia em que foi acordado o PEC II com Pedro Passos Coelho, a 13 de Maio. O que aconteceu nestes três meses é, porém, desconhecido.
O mais visível da campanha internacional do Executivo de José Sócrates têm sido as recentes aparições dos governantes portugueses em órgãos de dimensão mundial como o New York Times, a CNN ou a Bloomberg. No entanto, o DN apurou junto de fonte ligada à empresa que a função mais relevante da KGA não passa pelos media, mas sim pelos "bastidores". Isto é: pelo lobbying.
Na página da Internet da própria empresa percebe-se que é esse o seu palco privilegiado. Sendo uma multinacional de "comunicação financeira, empresarial e public affairs", como se pode ler, não se trata de uma agência de comunicação tradicional.
Já o Governo, justifica o contrato com o "contexto das alterações dos mercados financeiros e com impactos significativos na deterioração das condições de financiamentos das instituições de crédito e das empresas".
Para o Executivo de José Sócrates, esta conjuntura tornou "imperioso e urgente assegurar uma estratégia eficiente de comunicação juntos dos principais stakeholders internacionais que afectam as decisões de financiamento da economia portuguesa e das instituições de crédito a operar em Portugal". É aí que entra a KGA, que no fundo é paga para fazer lobbying junto dos agentes financeiros, como as malfadadas agências de rating.
Questionado sobre o porquê da escolha da KGA, o ministério tutelado por Vieira da Silva explicou que esta é uma "empresa de indiscutível reputação no sector."
Entre o PEC II e o PEC III, tempo em que o contrato esteve já em vigor, a imagem de Portugal teve altos e baixos - nesta ordem. Neste momento, a acção da KGA passará por credibilizar o Governo junto dos mercados financeiros, tendo agora como trunfo medidas ainda mais austeras do que as de Maio.
A KGA pode assim acenar aos agentes financeiros com sinais como a subida de impostos, cortes de salários na função pública ou os cortes nas prestações sociais.
FONTE: http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1680677&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%253A+DN-Economia+%2528DN+-+Economia%2529
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