7 de maio de 2010

Recebem subsídio e traficam armas

Vendem pistolas e metralhadoras, apresentam elevados níveis de riqueza mas não têm emprego. Alguns recebem rendimento mínimo. PJ prendeu 23

Uma rede de traficantes de armas de grandes proporções, que se dedicava a colocar dezenas de pistolas, revólveres, caçadeiras e até metralhadoras no mercado negro do Norte e Centro do País, foi desmantelada pela Polícia Judiciária do Porto. Acabaram detidas 23 pessoas, entre elas uma mulher, e foram feitas mais de 50 buscas.

Quatro armeiros foram também alvo da visita da PJ, sendo que a Casa Pereira, no Porto, cujo dono já está em prisão domiciliária, também por suspeitas de tráfico de armas, foi novamente alvo de buscas. Os detidos só hoje serão presentes ao juiz de instrução, que lhes irá aplicar as medidas de coacção.

Nenhum dos suspeitos tem emprego. Apresentam nível de vida elevado e muitos mostram evidentes sinais de riqueza. Um dos detidos, por exemplo, tem uma vivenda avaliada em mais de meio milhão de euros em Vila Nova de Gaia e um Mercedes que custa cerca de cem mil euros. Apesar de terem vida de luxo, a maioria do grupo recebe o rendimento mínimo.

O elevado nível de vida que os elementos da rede tinham provinha exclusivamente do tráfico de armas, que vendiam no mercado negro a preços muito elevados e que eram compradas essencialmente para a cobrança de dívidas. Uma pistola 6,35 mm valia em média 200 euros e a venda de uma metralhadora podia chegar aos 5000. O negócio acabava mesmo por ser o sustento de uma família. Há alguns anos que um homem e os três filhos – entre os quais está uma rapariga e um jovem de 17 anos – viviam à custa deste negócio.

A investigação teve início há dois anos, quando numa operação de combate ao lenocínio em Ovar foram encontradas armas. A PJ investigava desde então, tendo anteontem desmantelado a rede em operação realizada nos distritos do Porto e Aveiro, que culminou na apreensão de 17 pistolas (entre elas metralhadoras), dez revólveres, 15 caçadeiras, facas e munições.

JUDICIÁRIA FEZ BUSCAS EM OITO CIDADES

A operação realizada anteontem pela Directoria do Norte contou com a colaboração da Polícia Judiciária de Aveiro, Coimbra e Vila Real. A investigação estendeu-se a oito cidades do Norte e Centro do País. Maia, Valongo, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Amarante, Porto, Gondomar e Estarreja foram os locais alvo das 53 buscas domiciliárias. No total, mais de 160 elementos policiais estiveram envolvidos nas diligências.

Entre os vários objectos apreendidos na operação, estava uma quantidade impressionante de armas brancas, como punhais, navalhas de ponta e mola, navalhas borboleta e até catanas. Para além de venderem as armas, os detidos faziam ainda uso pessoal delas.

A maioria dos membros da rede tinha mesmo por hábito andar armada no seu dia-a-dia.

TRAFICANTES TINHAM CARROS TOPO DE GAMA


Durante a operação, denominada de ‘Guns N’ Roses’, a Polícia Judiciária apreendeu ainda seis carros topo de gama. Um deles pertencia a um dos elementos do grupo que para além da viatura tinha uma casa avaliada em cerca de meio milhão de euros (ver texto principal).

Os veículos eram todos recentes e foram adquiridos pelos detidos nos últimos meses. Todas as viaturas custam mais de 50 mil euros e foram compradas com o dinheiro proveniente do tráfico.

Para além dos carros, a Judiciária apreendeu ainda quatro quilos de ouro, que terão sido utilizados para o branqueamento de capitais.

PORMENORES

400 DOSES DE HAXIXE


Um dos elementos do grupo tinha em sua posse 400 doses de haxixe. Por ser um caso isolado, o detido foi ontem presente ao juiz de instrução criminal por aquele crime.

5000 EUROS

Durante a operação foram encontrados cerca de 5000 euros em dinheiro, que será proveniente da venda de armas.

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