22 de dezembro de 2011

Cadáver errado atrasa velório e revolta família

Maria de Lurdes Fernandes nem queria acreditar no que aconteceu no velório do marido: quando abriram o caixão na capela dos Alfaiates, no Porto, o corpo não era o do ente querido. E teve de convencer os responsáveis da agência funerária de que tinha razão.
 
foto Rui Oliveira/Global Imagens
Cadáver errado atrasa velório e revolta família

 
No átrio da capela dos Alfaiates, na Praça da Batalha, no Porto, todos os que ontem ali se deslocaram para o último adeus a Manuel Fernandes Júnior começaram a estranhar o facto de a funerária estar bastante atrasada na entrega do cadáver.
Estava previsto que o corpo fosse ali depositado por volta das 14.30 horas, mas isso só viria a acontecer quatro horas mais tarde. E o pior estava ainda para acontecer...
"Trouxeram-me um cadáver que não era o do meu marido", dizia-nos a viúva, Maria de Lurdes Fernandes, à frente da capela dos Alfaiates, depois de terem levado o corpo do desconhecido que foi tomado por Manuel Júnior. "Isto é uma pouca-vergonha", deixou escapar, naturalmente revoltada.
Mal viu o cadáver do desconhecido, a mulher vestida de negro desatou logo em prantos a dizer que aquele não era o marido com quem esteve casada mais de 30 anos. "Mas os senhores da funerária não queriam acreditar e tive de lhe tirar as meias para ver os pés e procurar outros sinais que ele tinha", afirmou a viúva, que acabou por conseguir provar que estava certa. "Disse-lhes logo que o meu marido tinha um bigode mais fininho, que nunca tinha visto aquele homem", juntou, não conseguindo esconder toda a sua indignação.
Em frente à capela, os presentes entreolhavam-se com perplexidade. Esperava-se que o cadáver certo fosse entregue "a qualquer instante", soltava Maria de Lurdes, telemóvel colado à orelha, rosto marcado pela incredulidade.
Segundo a mulher, Manuel Fernandes Júnior, apesar da idade, não tinha qualquer problema de saúde. E, no seu quiosque, "vendia o JN todos os dias".
Manuel Fernandes Júnior, de 81 anos, proprietário de um quiosque na Estação de S. Bento, faleceu na passada sexta-feira, vítima de atropelamento, nas proximidades da Praça da Batalha. Sujeito a autópsia, o seu cadáver terá sido trocado por um outro no Instituto de Medicina Legal.
No sentido de obtermos algum esclarecimento, tentámos contactar, sem sucesso, Teresa Magalhães, responsável pela delegação do Norte do Instituto de Medicina Legal.

FONTE: Jornal de Notícias

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