O Ministério Público acusa Machado Cândido dos crimes de burla qualificada e falsificação de documentos.
Perante o colectivo de juízes, Machado Cândido afirmou que “quem geria o fundo era a administração hospitalar”.
Machado
Cândido afirmou que a “percentagem do dinheiro do fundo variava entre
10 por cento e 40 por cento para o hospital, para pagar os exames, a TAC
(tomografia axial computorizada)as angiografías, e outra parte era para
pagar o trabalho médico”.
Em
resposta à inquirição da procuradora do Ministério Público, o
neurologista chegou mesmo a irritar-se com as perguntas. “O dinheiro não
era só meu e vinha também da criação da Unidade Cérebro-Vascular. Esse
dinheiro servia para pagar o material para a investigação (ensaios
clínicos) e para a formação dos médicos e enfermeiros”.
A
procuradora ironiza: “E os jantares no restaurante Lagar do Azeite, à
volta das azeitonas, também entra aí a formação das pessoas? Jantares
com 70 pessoas? Então a sua equipa não era composta por 30 pessoas? Quem
são as outras 40?”
Machado Cândido
alega que “os jantares têm que ser integrados na formação. Fazia parte.
Havia o Dia do AVC e convidámos toda a gente, todos os empregados de
limpeza participaram no jantar, voluntários no trabalho”.
Eduardo
Allen, advogado de defesa do arguido, que ainda se encontra a trabalhar
no Hospital de São José, afirmou ao CM que “o fundo foi criado para que
houvesse transparência e não polémica”.
O
advogado referia-se às alegadas ligações entre os laboratórios
farmacêuticos e os médicos, suspeitos de subornos com viagens, férias e
artigos de luxo a troco da prescrição de medicamentos.
O
advogado afirmou desconhecer porque é que “Machado Cândido está a ser
julgado uma vez que o processo foi arquivado pelo Departamento de
Investigação e Acção Penal (DIAP) em Julho de 2007”.
No
entanto, Eduardo Allen lembrou que “uma segunda carta anónima, assinada
por Zé Povinho”, denunciava os alegados crimes de burla cometidos por
Machado Cândido, designadamente cópias de declarações de IRS em que
declarava valores na ordem dos 300 mil euros.
O
CM apurou que a antiga ministra da Saúde, Ana Jorge, decidiu suspender a
pena de suspensão de 240 dias ao médico, uma pena aplicada pela
Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS).
O processo de investigação da IGAS foi remetido para o Ministério Público.
FONTE: Correio da Manhã
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