16 de agosto de 2011

800 baixas médicas por dia num só mês

Em Junho deste ano, mais de 117 mil trabalhadores encontravam-se em situação de baixa.

Em apenas um mês houve mais de 24 mil portugueses a meterem baixa médica. É uma média superior a 800 pessoas por dia.

Segundo dados do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, a que o CM teve acesso, a 31 de Maio deste ano havia 93 473 pessoas de baixa médica. Um número que disparou em apenas trinta dias. Assim, segundo os mesmos dados, a 30 de Junho havia 117 671 trabalhadores que estavam em casa por motivos de saúde. Contas feitas, verifica-se um subida de 24 198 em apenas um mês, o que dá, em média, mais de 800 novas baixas por dia.

As medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, combinada com a ameaça de perder o posto de trabalho, numa altura em que a taxa de desemprego bate recordes e vai subir, pelo menos, até 2013, tem provocado um pico no número de trabalhadores que metem baixa por depressão. Mas não só. Também se tem verificado um aumento nas baixas médicas para não se perder o subsídio de desemprego, apurou o CM. Há desempregados que, para evitarem as acções de formação obrigatórias ou um trabalho, conseguem meter baixa. Sem a justificação médica, perderiam direito ao subsídio.

A Segurança Social tem-se empenhado em detectar falsas baixas. Em 2010, foram detectados mais de 70 mil casos irregulares que, se não tivessem sido corrigidos, teriam custado 4,3 milhões aos cofres do Estado.

"HÁ MUITOS DOENTES DEPRIMIDOS"


As condições de trabalho cada vez mais precárias e as dificuldades financeiras das famílias estão na origem do aumento do número de baixas. Rui Nogueira, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, reconhece ao CM que "há cada vez mais doentes tristes e deprimidos". "Temos registado, na nossa prática do dia-a-dia, que as pessoas estão mais ansiosas e deprimidas com as problemas laborais", acrescentou Rui Nogueira, lamentando "a falta de compreensão para as incapacidades reais dos trabalhadores". Outra explicação para "um crescimento tão significativo" no número de baixas está na assistência à família: "Há a necessidade de as pessoas cuidarem de um filho ou de um pai e são obrigadas a meter baixa, porque nos trabalhos não têm, por exemplo, forma de compensar essa ausência com mais horas noutro dia".

FONTE: Correio da Manhã

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