16 de agosto de 2011

Milhões escapam para offshores

Nos primeiros cinco meses do ano voaram cerca de nove milhões de euros por dia para paraísos fiscais. Medo da troika acelerou fuga de capital para fora.

De Janeiro a Maio Portugal já viu fugir para paraísos fiscais mais de 1,3 mil milhões de euros. É uma média de 9 milhões de euros de capitais por dia que saem do País para offshores, fugindo assim ao Fisco.

De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), nos primeiros cinco meses deste ano houve 1320 milhões de euros a saírem para offshores, o que significa uma subida de 700 por cento face a igual período de 2010.

Este valor é superior ao que o Governo pretende arrecadar com o corte de 50 por cento acima do salário mínimo no subsídio de Natal dos portugueses.

O dinheiro que sai do País disparou em 2011, muito em particular depois do pedido de ajuda financeira feito pelo Governo em Março. Esse mês lidera o montante de dinheiro saído para paraísos fiscais: 440 milhões, motivado pelos receios de que as medidas de austeridade que a troika iria impor tivessem um efeito negativo nestas fortunas.

No que diz respeito a lucros e dividendos distribuídos, que ficaram fora das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, no mesmo período saíram 1,6 mil milhões de euros da riqueza produzida em Portugal. O Governo tinha inicialmente incluído estes rendimentos na cobrança do impostos extraordinário mas, segundo o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a medida seria contraproducente numa altura em que se quer incentivar a poupança.

O relatório de 2010 do Fundo Monetário Internacional apontava para uma preferência dos portugueses pelas Ilhas Caimão para investimentos em paraísos fiscais, com cerca de 2600 milhões de euros portugueses a acabarem nesta ilha. Ilha de Jersey, as Ilhas Virgens Britânicas, Antilhas Holandesas, Guernsey e Bermudas completavam a lista das offshores preferidas.

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO NA MIRA DO EXECUTIVO


Os paraísos fiscais estão associados à fuga de impostos, sendo uma das formas através das quais se pode branquear dinheiro. A ministra da Justiça já garantiu que há condições para criminalizar o enriquecimento ilícito. Paula Teixeira da Cruz defende que a actual sociedade está disposta a encontrar outra ética política. "Tenho a certeza que teremos condições para em conjunto encontrar um recorte para o crime de enriquecimento ilícito", disse a ministra quando apresentou o programa do Governo para a área da Justiça.

FONTE: Correio da Manhã

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