2 de agosto de 2011

Morte de amante paga a prestações

Empregada doméstica não aceitou fim da relação e encomendou morte do homem a ex-recluso. Prometeu dar 4 mil euros e também uma moto.

Rejeitada e abandonada pelo amante, com quem mantinha uma relação há vários anos, uma empregada doméstica, 45 anos, contratou um ex-recluso para o assassinar. Em troca ofereceu quatro mil euros, pagos em três prestações, e uma moto. Assustado, o homem desistiu do negócio e denunciou a mulher, residente em Gaia.

A empregada foi detida anteontem pela Polícia Judiciária do Porto e presente ao Tribunal de Instrução Criminal. Saiu em liberdade, sujeita a apresentações periódicas.

Casada há vários anos e mãe de uma jovem, com cerca de 20 anos, a mulher mantinha há muito tempo uma relação extraconjugal com um homem também comprometido. Encontravam-se várias vezes por semana e faziam de tudo para enganar os companheiros. Há alguns meses, o amante, funcionário numa loja, decidiu terminar tudo. A empregada doméstica não aceitou o fim do relacionamento. Tentou várias vezes uma reconciliação, mas nunca conseguiu.

Furiosa, a detida confessou a uma amiga que queria matar o amante. A colega disse então que conhecia o homem indicado. Deu-lhe o número de um ex--recluso, que tinha cumprido um ano de cadeia por ofensas corporais, e disse-lhe para negociar a morte. A empregada doméstica assim o fez: comprou um telemóvel descartável e enviou várias mensagens ao homem, onde disse que tinha dificuldades económicas e que pagaria o homicídio a prestações.

Há pouco mais de uma semana a mulher fez o primeiro pagamento. Deixou 500 euros num local isolado em Gaia e disse ao ex-recluso para lá ir buscar o dinheiro. Já com a quantia em sua posse, o homem foi à PJ, contou tudo e disse que nunca teria coragem para matar.

MARIDO AINDA NÃO SABE TODA A VERDADE

Durante todo o dia de ontem, o marido da empregada doméstica, a filha e o pai estiveram à porta do Tribunal de Instrução Criminal do Porto à espera de novidades. O marido da detida mostrou-se mesmo muito revoltado com a prisão daquela. No entanto, ao que o CM apurou, aquele desconhece a verdadeira história do crime. O homem não sabe que a mulher manteve uma relação extraconjugal durante vários anos e que planeou a morte do amante. A empregada terá contado pequenos detalhes sobre o motivo da detenção, mas garantiu que estava inocente.

Ao final da tarde, a família mostrou-se emocionada quando a mulher saiu em liberdade. A filha escondeu de imediato o rosto da mãe com um casaco.

TINHA TELEMÓVEL DESCARTÁVEL E FALAVA POR SMS


O plano engendrado pela empregada doméstica tinha contornos dignos de um filme. A mulher contactava sempre o ex--recluso através de um telemóvel descartável e falava apenas através de mensagens escritas. O homem nunca chegou a ver a empregada, pelo que não conseguiu dar uma identificação à PJ quando fez a denúncia. No entanto, sabia quem era o alvo e entregou todos os dados às autoridades. Em poucos dias, os inspectores da Judiciária desvendaram o caso. Contactaram a vítima e facilmente conseguiram ligá-la à mandante.

FONTE: Correio da Manhã

Nenhum comentário:

Postar um comentário