"Com todo o respeito que tenho por Mário Soares, até pela idade que ele tem, neste caso desceu ao nível das figuras menos nobres da sociedade portuguesa." A opinião é de Rui Zink, vice-presidente da ACAM - Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, a propósito do facto de a viatura oficial em que seguia o ex-presidente da República ter sido apanhada a 199 km/h na A8, na terça-feira. Na altura, Soares terá dito que "o Estado é que vai pagar a multa".
Ao longo do dia de ontem, o CM tentou obter uma reacção do ex-presidente, mas sem sucesso. Fonte da Fundação Mário Soares informou apenas que o político já estava ausente para férias da Páscoa e que o assessor também não estava disponível.
"É bom saber que as figuras do Estado, mesmo quando já não desempenham funções, continuam a ter pressa para servir o País", continua, com ironia, Rui Zink. "Agora, é importante saber quem é o responsável e quem será responsabilizado: se o condutor ou Mário Soares", acrescenta, lembrando o acidente com Mário Mendes, ex-secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, cujo condutor foi condenado. Para a associação, a responsabilidade deveria ser atribuída aos governantes.
Já sobre a reacção do ex-Presidente, que terá sido mal-educado com os militares da GNR, o vice-presidente da ACAM diz que perdoa "a rabugice, pela idade", mas sublinha: "Mário Soares deu um triste exemplo dos defeitos dos nossos políticos, que parecem achar que as leis são só para os outros."
José Alho, presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), cita um ditado: "É como frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz". Mário Soares "defende a democracia e as leis, mas depois parece que não as cumpre", critica José Alho, ao mesmo tempo que elogia os militares: "Fizeram o correcto e mostram que ninguém está acima da lei."
EX-PRESIDENTES CUSTAM UM MILHÃO POR ANO
Os ex-presidentes da República mantêm várias regalias quando deixam o cargo e representam uma despesa de um milhão de euros por ano, prevista no Orçamento do Estado. Eanes, Soares e Sampaio têm direito a uma subvenção vitalícia de 80% do salário do presidente em funções, a que se soma uso de automóvel do Estado, com condutor e combustível, gabinete de trabalho, assessor e secretário, passaporte diplomático e ajudas de custo equivalentes às do primeiro-ministro. in Correio da Manhã
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