14 de fevereiro de 2012

Docentes de um colégio pressionados para justificarem adesão à greve

Três professores de um colégio em Coimbra, que aderiram à greve geral em Novembro, estão a ser pressionados pela direcção para justificarem a ausência ao trabalho naquele dia, sob pena de incorrerem em falta injustificada e infracção grave.

"Em Janeiro recebemos uma carta do director do colégio a dizer que seria marcada falta injustificada e considerada infracção grave, por não termos ainda apresentado uma justificação", disse à Lusa um dos visados por esta situação, que se passa no Colégio de São Teotónio.
A mesma fonte acrescentou que, em resposta, alegou o direito à greve, o que implica não ter de dar qualquer justificação para aquele dia, 24 de Novembro de 2011, abrangido por um pré-aviso de greve.
O director terá dito que respeita o direito à greve, mas que duvida da não necessidade de justificação nas acuais circunstâncias. Convidou ainda os docentes a apresentarem as suas razões de queixa para com a entidade patronal para depois decidir o que fazer, em função da resposta.
"Voltei a dizer que não tinha nada a justificar", referiu a fonte, considerando a insistência uma forma de pressão para evitar que futuramente outros docentes aderiram a paralisações: "Para mim é uma atitude intimidatória e ilegal".
A Lusa contactou a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), que condenou a atitude do director e se manifestou disponível para levar o caso até às últimas consequências.
"O comportamento desse senhor é o de um fascista", disse o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, garantindo que o Sindicato dos Professores da Região Centro tenciona apresentar queixa na Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
Mário Nogueira considerou ainda mais grave o facto de se tratar de um colégio com contrato de associação com o Estado, do qual recebe financiamento.
"É inaceitável que venha dizer que um desses professores não pode estar a fazer greve e pedir justificações", afirmou.
Para o líder da FENPROF, trata-se de um acontecimento "inaceitável e absolutamente terrorista do ponto de vista democrático".
Da parte do sindicato promete "a resposta adequada" à situação, ou seja, queixas em todas as instâncias possíveis, desde a ACT ao Tribunal Constitucional, se for "necessário e possível".
A Lusa contactou igualmente o colégio, mas foi informada de que o director, o padre Manuel Dias, estaria ocupado durante todo o dia com outros assuntos.

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