“Era
público que o Dr. Machado Cândido fazia muitas horas extraordinárias.
Não se o trabalho era realizado mas a folha mensal referente às 12 horas
de banco, disponível na sala de médicos nas urgências e que pode ser
vista por toda a gente, estava quase toda assinada. A primeira pessoa
que viu achou estranho e transmitiu a todo o hospital. No segundo mês a
mesma coisa e muita gente foi lá ver. Isto espalhou-se”, revelou
Margarida Dias, acrescentando que a elaboração das escalas era da
responsabilidade de Machado Cândido.
“Era humanamente impossível fazer tantas horas extraordinárias. Nem que pagasse pensão para lá dormir”, rematou.
Questionada
pelo colectivo de juízes se em alguma ocasião o neurologista Machado
Cândido teria sido chamado para uma urgência e, apesar de estar de banco
nas urgências, não teria comparecido ou teria demorado a responder à
solicitação, Margarida Dias garantiu que se recordava de um episódio em
concreto.
“Aconteceu no serviço de neurologia no
Hospital dos Capuchos. Desde que deixou de haver urgência interna,
chamava-se os médicos de neurologia que estavam de banco no Hospital de
S. José. Numa das vezes chamou-se o colega Machado Cândido e ele levou
algum tempo a chegar. Passaram-se quatro horas. O doente era pai de uma
das enfermeiras da neurocirurgia. Não sei porque demorou”, assentiu.
Margarida
Dias revelou ainda que em 2006 o arguido, já director do serviço de
neurologia do Hospital de São José, lhe retirou as doze horas de banco
nocturno que deveria fazer, durante seis meses, para poder ser ele a
realizá-las. “Fiz queixa pelo sindicato à Provedoria de Justiça. E só
seis meses depois é que as minhas 24 horas de serviço foram
restituídas”, concluiu.
A próxima sessão de julgamento está marcada para o dia 8 de Fevereiro, no Campus da Justiça, em Lisboa.
FONTE: Correio da Manhã
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