1 de fevereiro de 2012

“Era impossível Machado Cândido fazer tantas horas extra”

A neurologista Margarida Dias garantiu ontem em tribunal que o médico Machado Cândido, acusado de burla qualificada e falsificação de documentos, tinha as folhas de presença mensal nas urgências “quase todas preenchidas”, o que “era humanamente impossível”.

“Era público que o Dr. Machado Cândido fazia muitas horas extraordinárias. Não se o trabalho era realizado mas a folha mensal referente às 12 horas de banco, disponível na sala de médicos nas urgências e que pode ser vista por toda a gente, estava quase toda assinada. A primeira pessoa que viu achou estranho e transmitiu a todo o hospital. No segundo mês a mesma coisa e muita gente foi lá ver. Isto espalhou-se”, revelou Margarida Dias, acrescentando que a elaboração das escalas era da responsabilidade de Machado Cândido.
“Era humanamente impossível fazer tantas horas extraordinárias. Nem que pagasse pensão para lá dormir”, rematou.
Questionada pelo colectivo de juízes se em alguma ocasião o neurologista Machado Cândido teria sido chamado para uma urgência e, apesar de estar de banco nas urgências, não teria comparecido ou teria demorado a responder à solicitação, Margarida Dias garantiu que se recordava de um episódio em concreto.
“Aconteceu no serviço de neurologia no Hospital dos Capuchos. Desde que deixou de haver urgência interna, chamava-se os médicos de neurologia que estavam de banco no Hospital de S. José. Numa das vezes chamou-se o colega Machado Cândido e ele levou algum tempo a chegar. Passaram-se quatro horas. O doente era pai de uma das enfermeiras da neurocirurgia. Não sei porque demorou”, assentiu.
Margarida Dias revelou ainda que em 2006 o arguido, já director do serviço de neurologia do Hospital de São José, lhe retirou as doze horas de banco nocturno que deveria fazer, durante seis meses, para poder ser ele a realizá-las. “Fiz queixa pelo sindicato à Provedoria de Justiça. E só seis meses depois é que as minhas 24 horas de serviço foram restituídas”, concluiu.
A próxima sessão de julgamento está marcada para o dia 8 de Fevereiro, no Campus da Justiça, em Lisboa.

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