29 de março de 2012

Amputada após cirurgia a varizes

Uma cirurgia que devia ser simples, para remoção de varizes, acabou na amputação de uma perna. Anabela Borges, de 38 anos, foi vítima de um erro de avaliação médica, já assumido pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada: foi cortada uma artéria em vez de uma veia na perna esquerda.


Mãe de dois rapazes, de 9 e 17 anos, Anabela Borges, residente na Charneca de Caparica, tenciona processar o hospital para ser ressarcida da incapacidade a que vai ficar sujeita, garante o cunhado, Hugo Santos. "A minha cunhada trabalhava a cuidar de idosos e agora não o vai poder fazer", explica.
Anabela Borges sofria de varizes e estava há quatro anos na lista de espera para cirurgia. "No dia 18, foi chamada para a cirurgia de remoção das varizes nas duas pernas", diz a irmã, Ana Santos. No dia seguinte, foi feita a operação. No entanto, logo no dia 20, Anabela começou a queixar-se de "formigueiro e falta de circulação no pé esquerdo". Na segunda-feira, dia 26, os médicos mandam-na fazer fisioterapia. "As dores ficam mais intensas e a Anabela deixa de sentir os dedos do pé", recorda a irmã.
"Por vezes, em pessoas jovens e magras, as veias e as artérias confundem-se, motivo que terá conduzido ao erro" na perna esquerda, justifica Ana França, directora clínica do HGO, sublinhando, contudo, que "em mais de 400 cirurgias anuais deste tipo no hospital, nunca aconteceu nada de semelhante". "Assim que foi detectado o erro, foi tentada a reversão. Mas sempre que se tentava a revascularização, a lesão criava trombos [coagulação de sangue no interior do vaso sanguíneo]."
Anteontem à noite, Anabela foi sujeita à sexta intervenção cirúrgica após ter entrado no hospital: é amputada da perna esquerda, dez centímetros abaixo do joelho. "Tem fortes hipóteses de recuperar a função de marcha, com uma prótese", refere Ana França. 

ADMINISTRAÇÃO DE HOSPITAL ABRE INQUÉRITO
A administração do Hospital Garcia de Orta decidiu abrir um inquérito para analisar os procedimentos tomados após se ter verificado o erro de avaliação médica que conduziu à amputação da perna de Anabela Borges. A acção irá explicar por que não tiveram êxito as diversas tentativas de repor a circulação sanguínea na artéria e também a decisão de colocar a doente a fazer fisioterapia. O caso poderá ser encaminhado para a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

in Correio da Manhã

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