23 de março de 2012

Hospital de Torres Vedras com "falhas anormais" de material

O hospital de Torres Vedras tem vindo a registar, desde há um mês, "falhas anormais" de material que põem em causa o início de alguns tratamentos, alertou hoje a Ordem dos Médicos, mas a Administração Regional de Saúde desmente.

Pedro Coito, presidente do distrito médico do Oeste da Ordem dos Médicos disse à agência Lusa que, "desde há um mês, está a haver falhas anormais de material descartável de uso corrente" na instituição, como fraldas, máscaras e batas de serviço, termómetros, gel de observação e material usado nas análises clínicas e nos exames laboratoriais bacteriológicos.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), questionada pela agência Lusa, respondeu por escrito assegurando que "não existe falta de material nem de medicamentos", uma vez que o Centro Hospitalar de Torres Vedras (CHTV) "tem recorrido a ajustes directos de modo a evitar qualquer falha da material".
Enquanto o CHTV optou por não dar esclarecimentos, o Ministério da Saúde respondeu por escrito à Lusa que "não há razões para quaisquer rupturas de stock de material clínico e de medicamentos", adiantando que à gestão dos hospitais "cabe acautelar atempadamente riscos de quebra de fornecimento".
O responsável da Ordem dos Médicos exemplificou que já houve casos de médicos e enfermeiros que não puderam entrar no quarto de doentes infecciosos, por falta de máscaras e batas descartáveis.
A mesma fonte alertou que a falta do material "pode atrasar o tratamento de doenças", como infecções ou doenças do foro oncológico.
"Há exames que estão atrasados e, apesar do médico prescrever, por exemplo, um antibiótico com base na sua convicção, precisa confirmar o quanto antes o diagnóstico com os exames bacteriológicos e com testes de antibiograma (exame para indicar o antibiótico mais adequado ao tratamento)", explicou a mesma fonte.
No caso de doenças do foro oncológico, o problema estará mesmo "a atrasar o início do tratamento dos doentes".
Por outro lado, os lotes de stocks adquiridos foram reduzidos, pelo que o material tem "chegado em pequenas prestações e, quando acaba, espera-se mais tempo", uma crítica à qual a ARSLVT responde, afirmando que "tem havido necessidade de recorrer a aquisições mais frequentes", com "elevada rotação do stock".
A origem do problema está, alegadamente, na falta de financiamento, segundo os médicos.
Numa reunião recente com o deputado Duarte Pacheco (PSD), a instituição revelou que em 2011 teve prejuízos de 20 milhões de euros, acumulando 80 milhões de euros em dívidas.
De acordo com a proposta da reorganização hospitalar da ARSLVT, o orçamento da instituição passou de 40,7 milhões de euros em 2011 para 26,4 milhões este ano.
O CHTV serve uma população de 173 mil habitantes dos concelhos do Cadaval, Lourinhã, parte de Mafra e Torres Vedras.
in Correio da Manhã

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