30 de março de 2012

Director da DRE recebeu 141 presentes no espaço de um ano

O director de serviços da Direcção Regional de Economia do Centro é acusado ter enganado várias empresas “ao longo de 20 anos”.

Logo nas primeiras buscas, a Polícia Judiciária encontrou-lhe, no escritório, um voucher para uma noite num hotel do grupo Meliá, acompanhado por um cartão com o nome de uma empresa. No espaço de apenas um ano, A. S., director de serviços na Direcção Regional de Economia (DRE) do Centro, terá recebido presentes de pelo menos 141 pessoas e empresas. E as ofertas seriam as mais variadas: garrafas de vinho – geralmente do Douro –, garrafas de champanhe, aguardentes, whiskies, bacalhau, presuntos e leitões. Na lista de presentes figuravam ainda, segundo o Ministério Público (MP), roupa, máquinas fotográficas e quadros.
Depois de receber os presentes, o director elaborava listas de nomes. Umas referiam empresas ou pessoas de quem A. S. esperava “obter vantagens”. Outras registavam as ofertas recebidas e eram acompanhadas por pequenos comentários pessoais. Esta semana o director foi acusado de um conjunto de crimes – entre os quais falsificação de documentos, corrupção passiva e abuso de poder – que o MP acredita terem sido cometidos “ao longo dos últimos 20 anos”.
A. S., casado e de 62 anos, começou a trabalhar na DRE de Coimbra em 1974 como engenheiro de terceira classe. No final da década de 1980 já era chefe de divisão da energia eléctrica e em 1993 tornou-se director de serviços. A partir de 1999 passou a ser-lhe confiada a tarefa de substituir o director regional na ausência deste. Nessas alturas, sublinha a acusação do MP, a que o i teve acesso, A. S. aproveitaria para “tomar decisões em seu nome”.
 
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