28 de março de 2012

Testemunha diz que neurologista não aparecia nas Urgências


A médica interna Maria Manuela Melo afirmou esta quarta-feira nas Varas Criminais de Lisboa que, por várias vezes, chamou por telemóvel e bip Machado Cândido, para assistir os doentes graves no serviço de Urgência do Hospital de São José, mas este "nunca apareceu”. O neurologista é acusado pelo Ministério Público de ter lesado o Estado em cerca de 500 mil euros, entre 2004 e 2006.

Através do sistema de videoconferência, a médica afirmou em tribunal que, em algumas ocasiões, os doentes esperavam "sete e oito horas" pelo médico e que, por causa disso, havia "muitas reclamações" dos familiares.
A médica recordou uma ocasião, "antes de 2008", em que um doente estava muito mal no Hospital dos Capuchos e foi chamado um neurologista do Hospital de São José, uma vez que as duas unidades integram o mesmo centro hospitalar.
Maria Manuela Melo, que estava a fazer Urgência no São José, fez a chamada para Machado Cândido, que não respondeu. "Em desespero de causa fui ao Hospital dos Capuchos e assisti ao doente, que estava muito mal. Deixei lá uma colega interna a cuidar do doente e regressei ao São José porque tinha lá outros doentes urgentes. Comuniquei o caso aos meus superiores", afirmou a médica.
A clínica afirmou ainda que os médicos internos não tinham acesso às escalas de serviço dos neurologistas, cujo documento estava sempre "no gabinete do dr. Machado Cândido".
Outra testemunha, Augusto Pimenta, médico neurofisiologista, afirmou ao colectivo de juízes que corria o rumor, no Hospital de São José, que o dr. Machado Cândido "vivia no hospital".
O médico referia-se ao facto de Machado Cândido ser acusado de apresentar horas extraordinárias que ultrapassavam as 140 seguidas.

in Correio da Manhã

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