22 de julho de 2011

Transportes. Passes sobem 18,5% este ano e podem voltar a subir em 2012

Governo anunciou ontem novo aumento. Subida de 15% é inédita. Em Janeiro, o passe tinha aumentado 3,5%.

O governo anunciou ontem um aumento nunca visto no preço dos transportes públicos. Inédito pela sua dimensão, 15% em termos médios, e ainda por ser diferenciado entre as empresas públicas e os operadores privados.

No caso dos passes intermodais de empresas como CP, metros de Lisboa e Porto, Carris, STCP e Transtejo, o efeito dos dois aumentos decididos este ano resulta na subida de 18,5% das tarifas. O agravamento chega aos 19,5% se considerarmos que o preço dos títulos de transporte individual subiu 4,5% em Janeiro, enquanto nos passes o acréscimo tarifário se ficou pelos 3,5%.

E não há qualquer garantia de que o governo não avance com a normal actualização anual de tarifas em Janeiro de 2012, apenas cinco meses depois de entrar em vigor o aumento extraordinário de 15% a aplicar a partir de Agosto. Questionada pelo i, fonte oficial do Ministério da Economia e Emprego disse não ter mais nada a acrescentar em relação ao comunicado que confirmou a notícia avançada pelo "Diário Económico". As tarifas dos transportes podem ainda sofrer com mexidas na taxa do IVA, algo que já aconteceu este ano.

A grande incógnita é o efeito que isto vai ter na procura dos transportes públicos. O presidente da ANTROP (Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros), Cabaço Martins, admite que ninguém pode prever como vai responder a procura porque nunca houve um aumento de preços tão grande. Se por um lado há factores que favorecem os transportes públicos na actual conjuntura, como o aumento dos combustíveis, a verdade é que o tráfego destas empresas sofre muito com a subida do desemprego - a maioria das deslocações nos eixos suburbanos são casa/trabalho. Só a CP já perdeu nos primeiros cinco meses do ano 2 milhões de passageiros, em relação a igual período do ano passado. O presidente da Carris, Silva Rodrigues, mesmo admitindo o impacto negativo que o desemprego tem na evolução dos passageiros, considera que os aumentos nos combustíveis vão impedir que ocorra uma queda maior no número de passageiros à conta dos aumentos de tarifários.

Porém, o efeito na procura também vai depender da abrangência dos títulos a preços reduzidos que o governo quer lançar para proteger "agregados familiares de menores rendimentos". A iniciativa, que também vai ponderar a existência ou não de alternativas, envolve alguma complexidade técnica e só vai entrar em vigor um mês depois do aumento agora decidido. Actualmente, o passe é mais barato para estudantes e reformados. No caso destes últimos, o desconto é atribuído independentemente das reformas. "Hoje qualquer pessoa com mais de 65 anos, ganhe o que ganhar, tem passes com desconto. Não pode ser", diz Silva Rodrigues ao i.

Fertagus sobe bilhetes em 7,5% A Fertagus, operadora privada do comboio na Ponte 25 de Abril, vai elevar os seus títulos próprios 7,5%.

Os passes combinados com as empresas públicas Metro e Carris vão subir igualmente 15%, segundo informação avançada ao i por fonte oficial do Ministério da Economia. Estas actualizações foram propostas pelo operador. Embora o despacho com o aumento das tarifas não distinga empresas públicas e privadas, na verdade a actualização média de 2,7% só se aplica aos títulos dos transportes colectivos rodoviários interurbanos de passageiros até 50 quilómetros, percursos realizados por privados. Quanto à Transtejo, também vai assumir um aumento de 15% na maioria dos títulos. A empresa que faz a ligação entre as margens do Tejo apontou, contudo, que esta subida dos tarifários ainda não vai permitir a dispensa do apoio financeiro do Estado, que tem de ser delineado aquando da futura contratualização do serviço público. Também a STCP avançou ontem que iria aplicar o aumento médio de 15% decretado pelo governo.

Apesar de não ter um grande impacto em termos da sustentabilidade operacional das empresas de transporte, este aumento poderá ajudar a reduzir a factura suportada pelo Estado ao nível das indemnizações compensatórias.

FONTE: Jornal i

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