29 de maio de 2012

Gregos não vão gostar: Lagarde está isenta de pagar impostos

No sábado, os gregos uniram-se no protesto contra palavras que vieram de fora. As declarações da directora do FMI que pediu aos helénicos que pagassem os seus impostos, ergueram uma onda de indignação no país, que até chegou ao Facebook. Uma onda que hoje deverá ser reforçada, dia em que se soube que Christine Lagarde está isenta de pagar impostos. 

A 26 de Maio, a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) concedeu uma entrevista ao The Guardian. À conversa não fugiram a crise e a situação grega como temas principais, e no diário britânico foram publicadas palavras da líder francesa que não tardaram a indignar a população helénica.
«No que se refere a Atenas, penso em todas as pessoas que evitam os impostos o tempo todo (…). Penso que deviam ajudar-se colectivamente, pagando os seus impostos», foram as principais frases que mais atenções reuniram na entrevista. A elas se juntou ainda outro pensamento de Lagarde - «Penso mais nas crianças das escolas nas pequenas localidades do Níger (…) porque acredito que precisam mais de ajuda do que a população de Atenas».
Menos de um dia depois, no domingo, alguns cidadãos gregos criaram uma página no Facebook intitulada ‘Os Gregos estão contra Lagarde’, e que hoje, terça-feira, conta com mais de 5 mil ‘gostos’.
No plano políticos, os líderes de todos os partidos, desde a Nova Democracia (ND), de Antonis Samaras, até ao SYRIZA de Alexis Tsipras, contrariam a tendência que se prolonga desde as eleições de 6 de Maio e uniram-se desde então em palavras críticas contra a responsável máxima do FMI.
Esta terça-feira, alguns jornais e sites noticiosos atiraram mais lenha para a mais recente fogueira de polémica que se tem associada à Grécia – revelaram que Christina Lagarde, como líder do FMI, não paga impostos.
O The Guardian foi um deles, ao explicar que, como dirigente de uma instituição internacional, Lagarde beneficia de uma isenção de impostos ao receber o seu salário, que anualmente ronda os 585 mil euros. Uma quantia superior à Barack Obama, presidente dos EUA, recebe anualmente. E o líder norte-americano paga impostos.
Esta isenção da qual Lagarde usufrui foi estabelecida desde a Convenção de Viena de 1961, que determinou as linhas que ainda hoje regem as relações diplomáticas nos 187 países que a assinaram. O diário britânico cita o artigo 34: «Um agente diplomático ficará isento de todos os impostos, pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais».
Porém, nem este benefício oficialmente consagrado deverá esmorecer a onda de indignação sentida pela população e líderes políticos gregos. Resta aguardar por mais reacções face a esta notícia que, por certo, não abonará para a imagem que Christine Lagarde está a construir aos olhos helénicos.

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