Adrian Vazquez, 18 anos, do Panamá, saiu de barco para a pesca a 24 de Fevereiro, com dois amigos. No regresso, o motor avariou e eles ficaram à deriva no Oceano Pacífico. Dezasseis dias depois avistaram um cruzeiro, que não os ajudou. Os dois amigos de Adrian morreram à sede. O único sobrevivente quer processar a companhia de cruzeiros por ausência de auxílio.
Fernando Osorio, 16 anos, e Elvis Oropeza, 31, não resistiram às duras condições em que os náufragos ficaram depois de terem visto o pequeno barco de pesca, com pouco mais de três metros de comprimento, ficar à deriva na costa do Pacífico. Adrian, um empregado de hotel, conta que a avaria ocorreu numa altura em que os três tripulantes conseguiam ver terra e, por essa razão, não terão ficado muito preocupados. Tinham pescado muito peixe – algum do qual assaram no barco – e tinham um grande bidão de água potável.
As buscas da marinha do Panamá foram infrutíferas. As correntes afastaram o barco da costa. O peixe a bordo começou a apodrecer e foi deitado fora.
A 10 de Março, isto é 16 dias após terem ficado sem motor, vislumbraram um possível auxílio. Porém, o navio de cruzeiros Star Princess, pertencente a uma empresa norte-americana da Florida, não parou para ajudar os três amigos. Oropeza deixou de comer e de beber. Acabou por morrer e o corpo foi lançado ao mar pelos sobreviventes. Cinco dias depois, a 15 de Março, Fernando sucumbiu à sede e ao calor. Três dias depois, a 18 de Março, Adrian deitou ao mar o corpo do segundo amigo, que começava a decompor-se.
O comandante do navio não terá sido avisado de que havia um pequeno barco de pescadores à dervia, sustenta a empresa, que pediu desculpa quando a história de Adran e amigos começou a circular na imprensa mundial. A empresa abriu um inquérito interno, para apurar o que se passou, depois de alguns passageiros do cruzeiro terem garantido que detectaram o pequeno barco à deriva e que avisaram membros da tripulação. A empresa pediu entretanto desculpa. Uma atitude que não é suficiente para Adran Vazquez, cujo advogado anunciou que avançou com um processo judicial contra a empresa.
De acordo com a legislação internacional, a tripulação do cruzeiro estava obrigada a ajudar. O processo judicial, intentado num tribunal da Florida, inclui testemunhos de dois passageiros que asseguram terem avistado os náufragos e avisado responsáveis do navio. O advogado de Adrian alega negligência por parte da tripulação do cruzeiro. Os relatos do advogado e os depoimentos das testemunhas parecem ser comprovados com a descrição publicada por Don Winner, um blogger que escreveu sobre o caso no site Panama Guide e publicou uma foto do pequeno barco à deriva, alegadamente tirada a bordo do cruzeiro.
Adrian acabou por ser salvo por pescadores, 28 dias depois, a 600 milhas da costa (cerca de 1000 quilómetros), perto das ilhas Galápagos. Quando ele próprio achava que estaria perdido, uma grande chuvada permitiu-lhe reabastecer a reserva de água potável.
Já a salvo, Adrian recebeu tratamento e pediu para fazer dois telefonemas: um para a mãe e outra para o dono do hotel, para explicar por que tinha faltado ao trabalho.
Náufrago que sobreviveu 28 dias no mar processa companhia de cruzeiros - Mundo - PUBLICO.PT
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