A
directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP)
estranhou e considerou "ridículo" que se volte a falar de um processo
que foi arquivado há "quatro anos". Cândida Almeida precisou que
processo arquivado está no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) depois
de o Supremo Tribunal de Justiça ter entendido, e "bem", que competia a
um juiz do TIC fazer a instrução.
Cândida
Almeida esclareceu ainda que a instrução do processo não ocorreu porque
um dos assistentes que havia requerido a abertura desta fase processual
"não pagou taxa de justiça", levando ao arquivamento dos autos. Segundo
a directora do DCIAP, os assistentes tiveram acesso a todos os
documentos que constam do processo arquivado, explicando que só factos
novos podem reabrir o caso, mas que "para já está arquivado".
Cândida
Almeida vincou que "toda a verdade processual" está "reflectida" no
inquérito, numa altura em que a juíza presidente do julgamento do caso
da UNI, Ana Peres, solicitou uma cópia dos documentos enquanto avalia se
vai ou não ouvir José Sócrates como testemunha.
Por
seu lado, o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, disse não
lhe merecer "nenhum comentário" o facto de o Ministério Público ter
abdicado de ouvir o ex-chefe do Governo como testemunha em julgamento,
mas adiantou que se trata de uma "questão meramente técnica". "Se alguém
pede para ouvir uma determinada pessoa, o MP adere para o poder ouvir,
mas se a pessoa deixa cair esse pedido, o pedido do MP cai
automaticamente. Não há ciência nenhuma", disse o PGR.
Uma
fonte do MP disse na segunda-feira à Lusa que a procuradora do
julgamento do caso UNI não ia inquirir José Sócrates, depois de o
arguido e ex-reitor da UNI Luiz Arouca ter prescindido da inquirição do
ex-primeiro-ministro. Sócrates faltou à inquirição como testemunha que
esteve agendada para a passada segunda-feira, tendo a juíza Ana Peres
considerado a falta "justificada", por se encontrar no
estrangeiro.
Entretanto,
Proença de Carvalho, advogado de José Sócrates, assegurou já que o
ex-primeiro-ministro, a residir em Paris, está "inteiramente disponível"
para, "pessoalmente ou por videoconferência", depor como testemunha no
julgamento do caso UNI. Quanto ao inquérito do Ministério Público
relacionado com a licenciatura em engenharia de Sócrates na Universidade
Independente, Proença de Carvalho notou que o caso foi arquivado após
investigação "exaustiva". A forma como José Sócrates concluiu a
licenciatura em engenharia na UNI, com um exame a um domingo, é uma das
situações que mais curiosidade suscitou em torno do caso UNI,
universidade já encerrada após um escândalo que levou a julgamento
vários antigos responsáveis da instituição por associação criminosa,
burla e falsificação de documentos, entre outros ilícitos.FONTE: Correio da Manhã
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