A associação de consumidores DECO recebeu 23.318 pedidos de ajuda, em 2011, o valor mais elevado de sempre.
As dificuldades económicas por que cada vez mais famílias
portuguesas passam não são novidade e os números comprovam isso mesmo. O
Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco (GAI) abriu, em 2011, um
total de 4.288 novos processos de apoio. Este valor representa um
crescimento de 51% face ao registado no ano anterior, bem como o valor
mais elevado de sempre. Contudo, este número representa apenas uma
pequena fracção do total de pedidos de ajuda de famílias
sobreendividadas que chegaram às mãos da associação de defesa dos
consumidores. No ano passado, o GAI recebeu um total de 23.318 contactos
- mais 60,5% do que o verificado em 2010 - dos quais deu seguimento a
apenas 18,4%.
Natália Nunes, responsável da Deco por este gabinete, explica as
razões para a grande disparidade entre o número de pedidos de ajuda e as
situações a que de facto foi dado seguimento. "Os processos que abrimos
foram apenas aqueles em que considerámos que havia alguma capacidade de
reestruturação", refere. E acrescenta: "Muitas famílias já nos
contactam numa fase muito tardia. São casos que já estão em tribunal e
em que o número de créditos e os montantes envolvidos é demasiado
elevado para permitir a sua reestruturação. Nesses casos, não podemos
ajudar, apenas podemos informar as pessoas sobre o que podem fazer a
partir daí".
O agravamento da situação económica do país foi determinante para o
aumento do número de famílias em dificuldade. Entre as principais razões
que levaram as famílias portuguesas a recorrer ao apoio da Deco estão,
sobretudo, o desemprego e a deterioração das condições laborais. Em
Dezembro, por exemplo, 31,4% das causas de processo de endividamento
deveram-se a situações de desemprego, enquanto que 21,7% resultou da
deterioração das condições laborais. Como explica o economista José
Reis, "as circunstâncias colocaram as pessoas em posições de
sobreendividamento. Seria razoável não esperar que tantas pessoas
estivessem desempregadas ou que os salários se degradassem e isso
aconteceu".
FONTE: Diário Económico
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