António
Martins falava aos jornalistas no final de uma audiência com o
Procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, com o objectivo de
apresentar as "reservas, dúvidas e argumentos" da ASJP no sentido de que
a Lei do Orçamento do Estado, já em vigor, é inconstitucional e
ilegal.
Tendo o PGR poderes para suscitar a
apreciação da constitucionalidade do Orçamento junto do Tribunal de
Contas, a ASJP alertou Pinto Monteiro para o facto de aquela lei "violar
vários princípios constitucionais", incluindo o princípio da igualdade,
da equidade fiscal e da proporcionalidade, ao prever o corte de
salários e subsídios na função pública.
Pinto
Monteiro ficou de analisar o dossier e tomar uma posição, numa altura em
que a direcção da associação tem agendadas também reuniões com o
Provedor de Justiça, Alfredo de Sousa, e com representantes de grupos
parlamentares, para debater esta questão que mexe com o Estado de
Direito.
António Martins justificou esta
iniciativa pelo facto de os juízes, mercê do conhecimento e da
informação de que dispõem relativamente ao Direito Constitucional, não
poderem ficar de braços cruzados perante aquilo que consideram ser a
violação de vários preceitos da Lei Fundamental do país.
"Acredito
que ainda há condições para que o Estado de Direito possa manter-se",
disse o presidente do ASJP, considerando fundamental que, perante tais
dúvidas, o Tribunal Constitucional seja chamado a apreciar a questão.
Confrontado
com a passividade e omissão de vários órgãos de Estado e de soberania
neste caso específico, António Martins enfatizou que, muito em breve, a
"história julgará as acções e omissões" de quem no processo deste
Orçamento deveriam tomar as decisões que se impõem num Estado de
Direito.
Já a 2 de Dezembro, António Martins
havia apelado, por carta, ao Presidente da República para que suscitasse
a fiscalização preventiva do Orçamento do Estado para 2012 junto do
Tribunal Constitucional, o que Cavaco Silva não fez.
A
ASJP considera que o Orçamento do Estado contém medidas injustas,
violentas, iníquas, ilegais, violadoras da equidade fiscal e
discriminatórias, cuja constitucionalidade está a ser questionada por
inúmeras personalidades de todos os quadrantes políticos e
universitários.
A ASJP entende que a confiança
dos portugueses no funcionamento da democracia exige que todos os Órgãos
do Estado observem as regras democráticas do nosso sistema
político-constitucional e assumam as suas responsabilidades, inerentes
ao juramento solene de defesa da Constituição.
FONTE: Correio da Manhã
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