Paulo Silva não precisou de sair da cadeia de Custóias, Matosinhos, para conseguir seduzir uma médica de Oliveira de Azeméis, que acabaria por burlar em 135 300 euros. Entre Março de 2003 e Julho de 2006, o recluso, 41 anos, inventou advogados, forjou processos e até acórdãos de julgamento para levar a cirurgiã a entregar-lhe dinheiro. Tudo porque garantia estar injustamente preso – e a cirurgiã tinha de lhe financiar a defesa para conseguir provar a sua inocência.
O esquema envolveu uma outra mulher, Sofia Silva, residente em Águeda. Era Sofia, também arguida neste caso, quem recebia os cheques da médica e os depositava.
Segundo a acusação, Paulo aproveitou o facto de residir na mesma cidade da vítima para ganhar a sua confiança, depois de a ter seduzido emocionalmente, levando-a assumir contas de advogados, para que fossem resolvidos os seus diversos processos. E quando se apercebeu de que a médica lhe dava tudo o que pedia, engendrou um esquema para tirar o máximo dinheiro possível.
Disse à vítima que tinha trocado de advogado. Tratar-se-ia agora de um juiz desembargador, aposentado, que, segundo o burlão, seria o melhor que havia para o representar. A mulher acreditou e passou logo um cheque de quase 50 mil euros. Depois, Paulo disse à médica que o seu representante tinha falecido e que, por isso, tinha de contratar um novo defensor. Para tal, precisava de mais de 70 mil euros. A cirurgiã já não tinha dinheiro, mas contraiu um empréstimo bancário, tudo para poder ajudar o burlão.
Mais tarde, Paulo Silva conseguiu um ‘novo advogado’, de Sever do Vouga, e o valor do cheque foi de 8100 euros. Para tornar a burla mais credível, forjou acórdãos com penas pesadas, uma do Tribunal da Feira e outra de S. João da Madeira, que, segundo ele, poderiam ser atenuadas com recursos. Para isso era preciso pagar. Paulo Silva e Sofia Silva estão agora acusados por um crime de burla qualificada e quatro de falsificação de documentos.
FONTE: Correio da Manhã
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