Ricardo
Campos Cunha e 11 outros arguidos vão ser julgados nas Varas Criminais
de Lisboa por um colectivo de juízes presidido por Ana Filipa Lourenço,
num processo em que foram ouvidos, por escrito, como testemunhas, alguns
juízes conselheiros jubilados do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
O
arguido entrou no Supremo Tribunal em 2001 como assessor jurídico por
convite do antigo presidente do STJ Aragão Seia (já falecido) e
desempenhou as funções de administrador daquele tribunal, entre Junho de
2002 e Abril de 2006. Vai ter de repor, segundo a acusação, 344.299
euros.
Nas buscas domiciliárias foram apreendidos
ao arguido, entre outros objectos de luxo e obras de arte, serigrafias
de Henrique Lagoa, uma gravura de Paula Rego, uma reprodução de pintura
de Picasso, uma reprodução de um quadro de Maluda, um quadro assinado
por Leonel Moura, um alfinete de peito em prata e ouro, um colar de
ouro, um múltiplo de João Cutileiro (escultura) e uma estatueta em
mármore.
Em sua defesa, o ex-administrador do STJ
alegou que fazia parte do plano de actividades daquele tribunal
superior comprar obras de arte para valorizar o património do Supremo.
Revelou
ainda que, nesse período, o STJ ofereceu objectos em prata ao então
Presidente da República, Jorge Sampaio, ao Professor Marcelo Rebelo de
Sousa e ao embaixador da China em Portugal, bem como a outras
personalidades cujos nomes não recorda.
O arguido
alega que não se apropriou de bens comprados na Vista Alegre pelo STJ,
nem de um óleo de Armando Passos e de um óleo de Roberto Chichorro, que
diz nunca terem saído das instalações do Supremo.
Ricardo
Cunha diz que já repôs diversas quantias à ordem do tribunal, sendo que
algumas situações ocorreram quando desempenhou funções no gabinete do
Representante da República nos Açores. Também aqui, estão em causa
diversas peças em prata, no valor aproximado de 20 mil euros.
O arguido
foi nomeado chefe de gabinete do Representante da República nos Açores
em Maio de 2006 e foi exonerado de funções por "perda de confiança e
quebra de lealdade" em Fevereiro de 2007.
São ainda arguidos no processo galeristas, donos de lojas e amigos de Ricardo Cunha que terão feito facturação falsa.
O
MP acusou Ricardo Cunha e vários outros arguidos no Verão de 2009,
tendo o juiz de instrução confirmado a acusação, mas sem levar a
julgamento a directora dos Serviços Administrativos e Financeiros do
STJ, Teresa Alexandre.
O caso, relacionado com a
simulação de despesas e a compra de bens não justificados, através de
facturação falsa, tem ainda como arguidos Alec Beerten, Fernando Branco,
Maria Esgaio Reis, Graça Maria Vieira, Cipriano Sousa, Maria Xavier,
Jorge Van Zeller Leitão, Teresa Faria e Paulo Alves, José Carvalho e
Armando Moreira de Carvalho.
FONTE: Correio da Manhã
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