28 de novembro de 2011

Saem da fábrica para o hospital

Três dos cinco gestores do novo conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo – que integra as unidades de saúde de Tomar, Abrantes e Torres Novas – vieram da empresa Lusofane, uma produtora de tubos de plástico com sede no Cartaxo. A nomeação está a causar polémica e levanta dúvidas a deputados e a médicos.

Joaquim Esperancinha, António Lérias e João Lourenço, nomeados pelo ministro da Saúde Paulo Macedo, ocupavam os cargos de director-geral, director administrativo e financeiro e ainda de director de marketing e vendas. O primeiro é licenciado em Engenharia Electrotécnica, o segundo em Organização e Gestão de Empresas e o terceiro tem um MBA (mestrado) em Gestão de Empresas.
João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda, afirma que a escolha da equipa é "caricata". "A escolha deve ter um carácter pessoal, apesar de o Governo ter dito que ia avançar com os concursos". A deputada socialista Luísa Salgueiro considera a "circunstância bizarra".
Pilar Vicente, da Federação Nacional dos Médicos, considera "muito estranho este tipo de nomeações, apesar de terem saído directivas do Governo a insistir na necessidade dos concursos".
Fonte do gabinete de Comunicação do Ministério da Saúde afirma que a abertura de concurso público se "destina à administração directa do Estado [institutos e direcções-gerais] e não inclui os hospitais com gestão privada [EPE]". A mesma fonte referiu que o ministério não se pronuncia acerca do facto de os três gestores terem saído da mesma empresa. 

"PIOR DO QUE IMAGINAVA"
Joaquim Esperancinha, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo desde 24 de Novembro, e António Lérias, novo vogal da mesma unidade, já tinham ocupado as mesmas funções no CHMT: o primeiro entre 2002 e 2005 e o segundo de 2004 a 2006.
Segundo Joaquim Esperancinha, os dois vogais que o acompanharam da Lusofane foram convidados com a autorização do ministro da Saúde, Paulo Macedo.
"Esta equipa deu bons resultados. Quando chegámos, em 2002, encontrámos um défice de 30 milhões de euros e saímos, em 2005, com um défice de quatro milhões de euros", afirma Esperancinha, que encontrou no Centro Hospitalar do Médio Tejo um cenário "pior do que imaginava". 

Nenhum comentário:

Postar um comentário