"Este
corte para 2012 deixa-nos no absoluto limiar de funcionamento com um
mínimo de dignidade, mas sem margem nenhuma. Em 2013 um corte
equivalente ao de 2012 fecha a Universidade de Coimbra", afirmou, à
margem da cerimónia de tomada de posse do director da Faculdade de
Economia, José Reis.
Em
declarações à agência Lusa, João Gabriel Silva disse não ser
compreensível que o Governo introduza idênticos cortes orçamentais em
sectores que geram défice, e em sectores que não geram défice como
acontece com o ensino superior em Portugal. "As universidades
actualmente, como a Universidade de Coimbra, só pagam metade dos seus
custos com as transferências do Orçamento de Estado, e não podemos ser
tratados da mesma forma que outros sectores que apenas geram buracos
orçamentais", sublinhou.
Para João
Gabriel Silva, esta situação assume contornos mais graves com uma
proposta incluída no Orçamento do Estado para 2012 que é "o quase fim da
autonomia universitária", e que irá condicionar a capacidade de
angariar receitas externas.
"Se
nos retiram autonomia e nós não conseguimos angariar receita isso vai
agravar o défice. Nós temos de ir à luta todos os anos", para reunir os
montantes financeiros, "que são já superiores às transferências do OE",
para poder funcionar, acentuou.
Para
João Gabriel Silva, "se não dão o peixe, mas também não deixam utilizar
a cana de pesca" para que cada instituição possa "arranjar o seu
próprio peixe", o ensino superior vai gerar um buraco orçamental que não
gera há décadas.
"O Estado vai ter
um problema onde não o tinha por nos manietar. Esperamos que haja a
clarividência e sensatez para retirar essas limitações" à autonomia
universitária, sustentou. Na sua perspectiva, pode-se colocar a questão
"se a boa gestão é bem-vinda em Portugal", "se o Governo tem capacidade e
interesse em distinguir as situações, ou se trata tudo por igual", a
boa e a má gestão. "Temos de saber, e o Governo tem de saber, se é tudo
por igual. Se não fizer distinções não vejo esperança para o país",
concluiu.
O reitor da Universidade de
Coimbra referiu que a sua instituição sofre no próximo ano um corte de
20 milhões de euros num montante de transferências que se situava nos 80
milhões de euros. Oito milhões de euros são cortes directos de
funcionamento, e 12 milhões pela retirada dos subsídios aos
funcionários.FONTE: Correio da Manhã
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