15 de novembro de 2011

'Troika' reconhece que corte de subsídios é incontornável

A 'troika' reconheceu esta terça-feira numa reunião com deputados que o corte de salários, como a suspensão do subsídio de férias e de Natal, é um último recurso, mas que se tornou incontornável, disseram à Lusa fontes presentes no encontro.

Os deputados da comissão parlamentar que acompanha o cumprimento do programa de ajustamento reuniram-se no Parlamento, à porta fechada, com o líder da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Poul Thomsen, da Comissão Europeia, Jürgen Kröger, e do Banco Central Europeu, Rasmus Rüffer.  
Na reunião, que durou mais de uma hora, o líder da missão da Comissão Europeia terá dito que apesar de uma medida como o corte nos salários ser uma medida de "fim de linha", neste caso, tornou-se incontornável. A mesma fonte adiantou ainda que foi feito um elogio por parte da missão à proposta de Orçamento do Estado para 2012 - pela consolidação estar estruturada como foi acordado, dois terços do lado da despesa e um terço do lado da receita. 
No encontro terão sido passadas várias mensagens, entre elas a indisponibilidade da 'troika' - transmitida pelo representante do FMI - de negociar as bases do programa, como são os objectivos quantitativos e os prazos para os cumprir, explicou à Lusa uma das fontes que assistiu à reunião.  
Já o responsável da Comissão terá ainda defendido a necessidade de existir "menos legislação laboral" e "menos regulação", mas sem avançar mais detalhes.  
Em matéria de Parcerias Público-Privadas (PPP), o líder da equipa da CE terá dito também que é demasiado difícil mudar estes contratos em termos legais e que os atuais irão manter-se nos mesmos moldes, mas que no programa já está previsto que não avancem mais contratos deste tipo.  
Sobre as empresas públicas, a 'troika' terá ainda dito aos deputados que estas não são eficientes, têm demasiados trabalhadores e que por isso é preciso cortar custos, algo que será alcançado também através das privatizações. 
Os elementos presentes na reunião explicaram também à Lusa que o líder da missão do FMI, Poul Thomsen, terá reconhecido que a crise europeia não é apenas da periferia mas sim da Europa, e que o problema não é político mas sim de política económica, dando mesmo o exemplo dos Governos tecnocráticos na Grécia e Irlanda que mesmo assim não permitiram aos dois países ter descanso dos mercados.  
Poul Thomsen terá também elogiado as vantagens da coesão política demonstrada através do apoio alargado no Parlamento do programa de ajustamento.  
No que diz respeito à banca, o responsável do BCE terá explicado que estão a acompanhar a situação, dando no entanto indícios de que a tarefa de recapitalização da banca está a ser mais complicada do que teriam antecipado inicialmente.

FONTE: Correio da Manhã

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