O Governo vai propor uma alteração ao artigo 26º da proposta de lei do
Orçamento do Estado para o próximo ano, que diz respeito às alterações
ao descanso compensatório na Função Pública. O secretário de Estado da
Saúde avançou hoje no Parlamento que os médicos e enfermeiros ficarão
isentos desta norma.
“O Governo mostra disponibilidade e interesse que esse artigo seja alterado de forma a excepcionar o SNS
da observação estrita da norma. Está nas vossas mãos, se entenderem que
a alteração é justa”, anunciou esta noite, no Parlamento, o secretário
de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, depois de vários deputados terem
questionado a equipa ministerial sobre o impacto das medidas
relacionadas com horas extra e suplementos consagradas no OE para 2012.
De
acordo com o respectivo artigo, durante o período de vigência do
programa de ajustamento económico e financeiro, a prestação de trabalho
extraordinário deixa de conferir direito a descanso compensatório, à
excepção das situações em que seja necessário “assegurar o período
mínimo de descanso diário ou de descanso semanal obrigatório”. Nestes
casos as pessoas “têm direito a um período de descanso compensatório”,
porém passa a ser “não remunerado” correspondente a 25 % das horas de
trabalho extraordinário.
Quanto à redução para metade no valor
pago pelas horas extraordinárias é para manter, até porque vai ter um
“impacto ligeiramente superior a 130 milhões de euros”, disse o
secretário de Estado.
Carreira médica única é prioritária
Por
último, em relação ao artigo que vem estabelecer um tecto aos ordenados
dos que entram com contrato individual de trabalho, Manuel Teixeira
disse que o “o impacto é residual”.
“A visão do Governo é que
dada a falta de regulação da actual prestação de serviço dos médicos - e
vemos que existe devido ao excesso de horas extraordinárias, não é
aceitável que as horas extra nos hospitais EPE pesem cerca de 30% na
remuneração desses profissionais - temos que ter coragem de dizer que há
aqui um problema que tem que ser enfrentado. Temos de tratar da
carreira médica única”.
Porém, esta medida não pode “ser feita
de forma abrupta. Daí só se aplicar a contratos efectuados a partir de
Janeiro do próximo ano. Isto vai-nos dar tempo de estruturar uma
carreira médica única”, concluiu Manuel Teixeira já no fim do debate do
orçamento do Estado da Saúde na especialidade.
FONTE: Jornal de Negócios
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