Daniel e Laurinda, deficientes motores, viram o tribunal penhorar-lhes o carro adaptado para pagamento de uma dívida. Nunca mais saíram à rua e é o filho, de 16 anos, que trata de todos os assuntos.
A história começa quando o casal ficou sem condições para continuar a gerir um café em Leça da Palmeira. "Um fornecedor que nos tinha colocado material no valor de 5000 euros, com o compromisso de lhe encomendarmos o café, quis receber essa quantia, uma vez que os novos arrendatários não chegaram a acordo e deixaram de lhe encomendar o café. Avançou para tribunal e o resultado foi a penhora do carro, o único bem que tínhamos", conta Laurinda.
O carro é um Renault Clio, de 1995, cujo valor comercial é quase nulo, mas que, por ser adaptado à deficiência de Daniel Ribeiro, era o garante da independência da família. Desde a decisão judicial, está parado à porta de casa da família, não pode circular, mas nunca ninguém das Finanças ou do tribunal apareceu sequer para levantá-lo.
Entretanto, tudo mudou para esta família que, desde 2007, vive na casa de um tio, num bairro social isolado da Amadora.
O casal contestou a decisão, mas, em maio, uma carta do Tribunal de Valongo confirmou a penhora. No despacho lê-se que o carro torna a vida de Daniel Ribeiro "mais fácil e cómoda", mas não é "indispensável à sua integridade física".
O desânimo tomou conta do casal. "Eu já não tenho pernas, mas parece que mas cortaram outra vez", desabafa ao JN Laurinda Ribeiro. "Se não tivéssemos o nosso filho, íamos ficar aqui para sempre, pois não conseguimos andar para lado nenhum", acrescentam.
O sonho de Laurinda e Daniel era agora poderem comprar um outro carro adaptado. Só que, para isso, seriam necessários uns 2500 euros, quantia "impossível" de alcançar para quem vive com 600 euros de reforma.
Veja o vídeo no JN
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