18 de outubro de 2012

Jovem escreve a Cavaco

Pedro Marques, 22 anos, enfermeiro, parte hoje para Inglaterra, numa "viagem só de ida" para ir trabalhar. Na hora da despedida escreveu uma carta ao Presidente da República, Cavaco Silva, a explicar porque se sente "expulso" do País e a pedir para não criar "um imposto" sobre as lágrimas e a saudade. Na bagagem leva uma bandeira de Portugal e ao pescoço ostenta um cachecol com a cores nacionais. Com ele partem mais 24 enfermeiros de várias zonas do País, 11 dos quais do Porto.

Poucas horas antes da partida, Pedro Marques disse ao CM que escreveu para que Cavaco Silva saiba que existem "vidas por trás dos números". "Ao ser expulso do meu País, por não conseguir ser contratado e ter uma carreira aqui, vou deixar muita coisa para trás, a família, amigos. Estão a roubar-me os momentos em que não posso estar com eles", afirmou, com emoção na voz. Acrescenta que não espera uma resposta do Presidente à mensagem publicada no seu blog, intitulada ‘Carta de despedida à Presidência da República'.
Pedro Marques concluiu a licenciatura em Julho e, em Agosto, inscreveu-se numa empresa de recrutamento. Vai trabalhar num hospital público de Northampton, a 108 quilómetros de Londres e ganhar 2000 euros por mês.

"EMIGRAÇÃO NÃO VAI PARAR"
A emigração é a única solução para estes profissionais que não conseguem ser contratados em Portugal ou não conseguem viver com 3,96 euros à hora pagos pelo Estado. O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Correia Azevedo, afirma ao Correio da Manhã que não tem dúvidas de que a emigração destes profissionais não vai parar. "No estrangeiro querem portugueses porque sabem que somos muito bons profissionais, termos uma formação muito mais vasta do que a deles e podemos desempenhar diversas competências. No estrangeiro, a formação é muito mais limitada", sublinha o responsável. A emigração dos enfermeiros é uma situação que, segundo Correia Azevedo, entra em contradição com a falta destes profissionais nas unidades do Serviço Nacional de Saúde.

Jovem escreve a Cavaco - Sociedade - Correio da Manhã

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