As mulheres do presidente e do seu chefe de gabinete tiveram 19 e 19,2 valores nas entrevistas de selecção para técnicas superiores.
Maria Helena Mourinha, a mulher do presidente da câmara de Estremoz, e Marisa Serrano, mulher do chefe de gabinete do autarca, foram as candidatas melhor classificadas nas provas de selecção de dois concursos de recrutamento para técnicos superiores abertos pela autarquia.
A mulher do presidente, segundo os dados publicados no site da autarquia, conseguiu 19 valores na entrevista de selecção e 17,9 na prova teórica do concurso para a contratação de um técnico superior na área de Ciências da Informação e Documentação. Já a mulher do chefe de gabinete do autarca Luís Mourinha, Marisa Serrano, obteve 19,2 valores na entrevista e 13,3 na prova final de conhecimentos para a admissão de um técnico superior de Turismo.
Desde 2010 que os dois concursos têm levantado polémica em Estremoz. O executivo de Luís Mourinha quis ver aprovado, na altura, a abertura de procedimentos concursais internos, mas acabou por ter de abrir concursos públicos – como determina a lei. Assim, o recrutamento acabou publicado em Diário da República. Só que entretanto, contou ao i uma fonte camarária, os concursos foram subitamente anulados. “Foram cancelados numa altura em que as provas de selecção até já estavam marcadas.” A decisão foi tomada pelo executivo numa reunião de câmara e Luís Mourinha justificou-se com a Lei do Orçamento do Estado, que proibiria a realização de procedimentos concursais. Os vereadores da oposição contestaram a decisão e chegaram a argumentar que os concursos não eram proibidos por lei. Mas por detrás da anulação, garante a mesma fonte, terá estado o facto de terem concorrido “muitas pessoas e altamente qualificadas, o que poderia pôr em risco a selecção” de Maria Helena Mourinha.
O que é certo é que depois de anular os dois concursos públicos, a autarquia decidiu abrir novos procedimentos concursais para recrutar os dois técnicos superiores, mas internos – o que reduziu drasticamente o número de candidatos. A título de exemplo, para a área de Turismo a mulher do chefe de gabinete concorreu sozinha à entrevista de selecção. E a mulher do presidente da câmara defrontou apenas dois adversários nas provas. “No plano abstracto, as senhoras não podem ver diminuídos os seus direitos de concorrer, mas no plano concreto, e tendo em conta que foi anulado, do nada, um concurso, todo o processo parece estranho”, critica a fonte ouvida pelo i, que acrescenta: “Isto vem na linha da política seguida pelo actual executivo de Estremoz e, infelizmente, de outras câmaras espalhadas pelo país.”
A mulher do presidente entrou para a câmara em 1992 como auxiliar técnica. Depois de fazer uma formação na área do arquivismo, e já com o marido à frente da autarquia, foi reclassificada para técnica profissional. Entretanto, foi tirar um curso à Universidade Aberta, tendo concluído a licenciatura em 2010. Já a mulher do chefe de gabinete, António Serrano, começou por trabalhar na Junta de Evoramonte, numa altura em que o marido também era membro. O i tentou falar com o presidente da câmara, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
Estremoz. Mulheres de autarcas ganham concursos para a câmara | iOnline
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