24 de junho de 2011

Carros da PSP estão “no limite”

Falta de peças e de dinheiro para a manutenção deixam viaturas paradas à porta das esquadras de norte a sul de Portugal.

A PSP tem duzentas e quarenta viaturas – 237 carros e três motos – avariadas de norte a sul do País. Os veículos estão parados à porta das esquadras e a Polícia não tem dinheiro para os mandar reparar. A denúncia parte do Sindicato dos Profissionais de Polícia e garante que a redução do orçamento nas forças de segurança já está a afectar a operacionalidade. "Os carros têm as peças estragadas e a PSP já não consegue pagar o arranjo. Mas não é só isso. Já há pouco dinheiro para o combustível", alerta o presidente do SPP, António Ramos.

Ao que o CM apurou, a PSP tem em todo o País uma frota com cerca de 2500 viaturas. Ou seja, com os 240 veículos avariados, dez por cento da frota da PSP está inoperacional. Por exemplo, no comando de Lisboa a frota soma 1000 viaturas, mas 129 delas estão paradas. No Porto, dos 500 carros afectos ao Comando Metropolitano, trinta permanecem nas esquadras sem poderem ser usados. Nem mesmo a Unidade Especial de Polícia (UEP) escapa e conta com vinte carros avariados.

"Os polícias têm lutado muito contra as adversidades e a falta de condições, mas têm de ter meios. A segurança está em causa. A tutela tem de pensar novas medidas e começar a pensar numa forma de dar a volta a estes problemas. Há comandos a recuperar viaturas que já não andavam nas ruas", alerta António Ramos.

Em Braga, por exemplo, a situação é preocupante desde o início do ano e está a afectar sobretudo a investigação. "Os polícias têm de pedir óleo fiado em oficinas de amigos porque não há dinheiro. Em Janeiro a Esquadra de Investigação Criminal (EIC) não tinha carros para circular e investigar os casos", disse um agente daquela Divisão, que pediu anonimato. Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) também tem conhecimento da situação. "Quando em Novembro nos apercebemos que havia uma quebra de 86 milhões de euros no orçamento para a PSP avisámos que a operacionalidade da Polícia e a segurança dos cidadãos podiam sair afectadas", lamenta o sindicalista. No Porto, alguns agentes que fazem parte das Equipas de Intervenção Rápida (EIR) já não têm carrinhas. "Têm de usar os carros-patrulha. Estamos no limite", concluiu.

"SE CONTINUAR ASSIM PATRULHAS PODEM PARAR"


Os problemas da Polícia de Segurança Pública, quanto ao número de viaturas avariadas, têm vindo a afligir igualmente a GNR, força de segurança com cerca de 400 postos territoriais espalhados pelo País.

José Alho, presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), afirma que " em muitos destacamentos mais de 50 por cento da frota automóvel está avariada. Se continuar assim as patrulhas podem parar". O sindicalista aponta os cortes orçamentais como a causa para a falta de dinheiro para reparar as viaturas. "Há postos a quem foram distribuídas quinze viaturas mas apenas cinco delas se encontram a circular. Mais de metade estão avariadas", concluiu José Alho.

O tenente-coronel Newton Parreira, comandante-geral da GNR, já havia demonstrado preocupação pela afectação da instituição em termos operacionais. "Estamos nos limites. Se tivermos de cortar mais na componente orçamental teremos também de cortar na componente operacional", referiu o comandante na cerimónia do centenário da Guarda, no passado dia 7 de Maio.

FONTE: Correio da Manhã

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