29 de junho de 2011

Ex-PJ mata mulher à queima-roupa

A empregada doméstica ucraniana terá recusado relação com Nuno Pereira, que executou Algirda com uma bala na cabeça. A seguir tentou matar-se.

Um inspector-chefe da Polícia Judiciária na reforma, com cerca de 70 anos, executou ontem com um tiro de pistola na cabeça a empregada de limpeza, uma ucraniana de 45, no escritório da própria casa, em Póvoa de Santa Iria, Vila Franca de Xira. O crime terá sido motivado pela recusa da vítima em manter uma relação amorosa com o homicida, que tentou depois suicidar-se com a mesma arma.

Viúvo há cerca de três anos, Nuno Pereira é um ex-operacional da Polícia Judiciária que se destacou no combate ao tráfico de droga e aos crimes sexuais, em Lisboa, tendo igualmente exercido a profissão em Macau. Actualmente morava sozinho no 2º direito do lote 64 da rua João Silva Vitoriano, Póvoa de Santa Iria, e várias pessoas da zona sublinharam ontem ao CM o apoio que sempre deu à mulher, falecida entretanto, vítima de um cancro.

Algirda Morarieme, a vítima, conhecia Nuno Pereira há sete anos. Empregada de limpeza no prédio, a ucraniana tinha, também ela, ficado viúva há algum tempo. O marido morreu num acidente de trabalho, deixando órfãos um filho e uma filha.

A imigrante morava no 9º andar do mesmo prédio, com o filho, fazendo limpezas nos espaços comuns e em vários apartamentos, entre os quais o de Nuno Pereira.

O antigo inspector da PJ estaria há algum tempo a tentar iniciar uma relação com a empregada ucraniana. Algirda foi recusando as aproximações e, ao que tudo indica por causa disso, acabou assassinada pelas 11h40 de ontem, no escritório da casa de Nuno Pereira.

Depois de matar Algirda com um tiro na cabeça, o ex-polícia disparou na direcção da sua cabeça. Um vizinho e um familiar ouviram o barulho e entraram em casa, deparando-se com os corpos no chão.

O cadáver da imigrante ucraniana foi retirado pela PSP cerca das 16h00. Nuno Pereira foi transportado pelo INEM ao Hospital de São José, em Lisboa, e uma familiar do homicida disse ontem à tarde ao CM que o ex-polícia foi operado, estando em estado crítico à hora de fecho desta edição.

DESTACOU-SE NO COMBATE AO TRÁFICO

Nuno Pereira distinguiu-se como operacional da Polícia Judiciária. O autor do homicídio de ontem em Póvoa de Santa Iria trabalhou, na década de 1980, no Centro de Investigação e Controlo de Droga que, à época, dependia directamente da Presidência do Conselho de Ministros. Por decisão governamental, este organismo foi integrado na Polícia Judiciária, onde Nuno Pereira chegou à posição de sub-inspector - actual inspector-chefe. Entretanto Nuno Pereira abandonou aquela unidade, que foi extinta por suspeitas de albergar operacionais que desviariam heroína apreendida para venderem na Holanda. O operacional chegou também a estar colocado na secção de investigação a crimes sexuais da PJ de Lisboa, além de ter feito uma comissão de serviço em Macau, enquanto território português.

"NUNCA SE VIU UMA DISCUSSÃO ENTRE OS DOIS"

O CM conversou ontem com alguns vizinhos e conhecidos de Nuno Pereira - e todos convergiram no sentimento de "surpresa" pela forma como o ex-inspector da Polícia Judiciária matou a tiro a empregada de limpeza do prédio. "Nunca se viu em público qualquer discussão que seja entre os dois", disse uma vizinha. Nuno Pereira era, de resto, conhecido como o grande dinamizador dos melhoramentos no prédio onde residia há cerca de 13 anos.

"Se temos aqui uma área verde, bons elevadores e gradeamentos a ele o devemos", explicou outro morador, que acrescentou: "ele sempre apoiou a mulher" na doença.

FONTE: Correio da Manhã

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