23 de agosto de 2012

Deixam cursos para ir trabalhar

No último ano lectivo quase mil alunos abandonaram os cursos nas escolas profissionais por razões económicas. Muitos destes estudantes preferiram ir trabalhar em vez de continuar os estudos até ao 12º ano. Este é um dos resultados de um estudo da Associação Nacional de Escolas Profissionais (ANESPO): 30,4 por cento dos três mil alunos que deixaram os cursos profissionais fizeram-no por razões económicas.

Anteontem, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, manifestou o desejo de ter já no próximo ano lectivo metade dos alunos do 10º ano no ensino profissional. Um objectivo "impossível, pois as turmas já estão constituídas", referiu ao CM José Luís Presa, presidente da ANESPO. "Até prevemos retrocesso no número de alunos. Com a redução dos horários dos professores, as escolas secundárias dão prioridade aos cursos científico-humanísticos, pelo que sobram menos alunos para o ensino profissional", explicou.
Também a Associação Nacional de Professores do Ensino Profissional (ANPEP) diz ser impossível ter 50% dos alunos no ensino profissional. "Estamos a trabalhar na base da especulação", referiu à agência Lusa Teresa Fonseca, presidente da ANPEP.
No ano lectivo 2010/11, segundo as últimas estatísticas do Ministério da Educação, havia 440 mil alunos no ensino secundário, dos quais 180 mil em cursos profissionais, de aprendizagem, de educação e formação de adultos e recorrente.
Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, diz que Nuno Crato quer "empurrar" os alunos para "uma via de ensino desvalorizada e facilitada". Já José Luís Presa, dá a ‘receita’ para aumentar a procura deste tipo de cursos: "É preciso um diagnóstico das necessidades de formação a nível de cada distrito, para não ter cursos sem empregabilidade." E critica a "falta de serviços de orientação vocacional" nas escolas. 

Deixam cursos para ir trabalhar - Ensino - Correio da Manhã

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