16 de agosto de 2012

Ryanair pode ser multada em 4,5 milhões por voar com pouco combustível

O sindicato dos pilotos de aviação civil alemão garantiu que a companhia aérea "low cost" Ryanair exerce "uma forte pressão" sobre os pilotos no sentido de economizarem combustível. Três aviões daquela companhia fizeram aterragens de emergência no aeroporto de Valência, em Espanha, devido à falta de combustível. A Ryanair arrisca-se a pagar uma multa de 4,5 milhões de euros.  


No dia 26 de julho, três aviões da companhia de baixo custo irlandesa aterraram de emergência no aeroporto de Valência por terem alcançado o nível mínimo de reserva de combustível.
Os aviões não puderam aterrar em Madrid devido ao mau tempo e foram obrigados a sobrevoar Valência durante cerca de uma hora.
Entretanto, a Agência Estatal de Segurança Aérea de Espanha já abriu uma investigação à Ryanair sobre as três aterragens de urgência em Valência.
A medida foi aplaudida pelo Sindicato Espanhol de Pilotos de Linhas Aéreas, que já há algum tempo vêm denunciando práticas da Ryanair que podem colocar em perigo a segurança aérea e dos passageiros.
O sindicato fez lembrar que as denúncias que a Ryanair acumula em Espanha não se limitam a que os seus aviões voeem no limite de combustível, mas também referem-se a irregularidades no embarque dos passageiros ou a precariedade laboral dos seus empregados.

Por seu turno, a Confederação Espanhola das Organizações de Donas de Casa, Consumidores e Utentes (Ceaccu) solicitou à Direção Geral da Aviação Civil uma investigação àquela companhia aérea devido às aterragens de urgência por falta de combustível de três dos seus aviões no mesmo dia no aeroporto de Valência.
De acordo com o diário espanhol ABC, se estes factos forem provados, a Ceaccu irá exigir que a Ryanair seja multada em 4,5 milhões de euros. Devido à gravidade da situação - se for confirmada - aquela confederação pedirá igualmente que as autoridades espanholas suspendam a licença concedida à Ryanair para voar durante um período de três anos.
Ainda segundo aquele diário, nas gravações das conversas mantidas entre o piloto do primeiro voo da Ryanair e a torre de controlo do aeroporto de Valência fica provado que o comandante pediu claramente auxílio devido à escassez de combustível do avião que pilotava.
Menos de três minutos depois, uma segunda aeronave da Ryanair lançava um pedido de urgência à torre de controlo de Valência. A companhia aérea alega que também o terceiro voo teve de pedir ajuda idêntica.
Segundo o ABC, a Ryanair controla os pilotos que não cumprem com as políticas de "eficiência" decididas pela direção da companhia. A Ryanair quer que os seus aviões voem apenas com o combustível necessário para que o serviço seja "seguro, eficiente e pontual".
O diário alega que Shane McKeon, segundo-chefe dos pilotos da companhia - admoestou, num memorando, alguns dos seus comandantes de voo que preferem aterrar com três toneladas a mais de combustível.
"Essa não é a política da Ryanair, é inaceitável e não lhes pagamos para isso", recordou.

Ryanair assegura que houve segurança
A Ryanair assegurou que seguiu os "procedimentos de segurança aérea estabelecidos" ao pedir autorização para a aterragem de três dos seus aviões de modo imediato no aeroporto de Valência.
A companhia referiu que depois de sobrevoar Valência durante 50, 68 e 69 minutos, respetivamente, depois da hora de aterragem prevista em Madrid-Barajas, os três aviões atingiram "o nível mínimo de combustível que permite que cada um dos aviões possa voar durante 30 minutos adicionais de voo (aproximadamente 300 milhas)", pelo que consideraram a aterragem de emergência.
A Ryanair indicou que os três aviões aterraram com "normalidade" e com níveis mínimos de reserva de combustível para aproximadamente 30 minutos de voo.

 
Ryanair pode ser multada em 4,5 milhões por voar com pouco combustível - JN

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