7 de setembro de 2012

Futuro do bacalhau decide-se em Bruxelas

O futuro do bacalhau, tal como é consumido e apreciado em Portugal, joga-se na próxima quinta-feira em Bruxelas, data da votação de uma proposta que, caso seja aprovada, ameaça acabar com o tradicional prato português.

O alerta partiu da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB), que está preocupada com as «consequências desastrosas» desta alteração legislativa proposta pela Noruega e pela Dinamarca, que visa permitir a utilização de polifosfatos em peixe de salga húmida.
O secretário-geral da AIB, Paulo Mónica disse à Lusa que «a proposta vai contra a legislação comunitária», sublinhando que o que está em causa é a possibilidade de «usar aditivos químicos num produto 100 por cento natural».
E elencou várias consequências para as empresas.
Primeiro, porque o método de detecção destes aditivos «é complexo, demorado e não está totalmente validado». Por isso, as empresas só vão saber se a matéria-prima que usam tem estes químicos ou não na altura da secagem.
Depois, porque se contiver polifosfatos a secagem do bacalhau será muito mais demorada.
«Nalguns casos, será o dobro do tempo, o que terá custos acrescidos com a energia», explicou Paulo Mónica.
Por outro lado, os consumidores «não vão ter aquilo que procuram e a que estão habituados».
Os consumidores terão um produto com «sabor e uma textura irremediavelmente alterados» e com muito mais humidade.
«Vão comprar água ao preço do bacalhau», salientou o responsável da AIB.
Paulo Mónica adiantou que a justificação apresentada pela Dinamarca e pela Noruega é a obtenção de «um produto mais branco», para ir ao encontro das exigências do mercado, mas afirmou que, no entanto, «não existe qualquer referência científica ao uso destes aditivos como agentes branqueadores».
«Os polifosfatos são vulgarmente utilizados para retenção de água e nós estamos perante um produto que se baseia na desidratação do peixe», acrescentou.
A AIB já fez chegar uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, apelando à retirada da proposta e espera que o bom senso prevaleça.
«Acreditamos que prevaleça o bom senso e que a proposta não passe ou seja retirada», declarou Paulo Mónica à Agência Lusa.
Segundo a AIB, «está em risco a própria indústria portuguesa de transformação», que emprega mais de 1.800 trabalhadores, tem uma facturação de 400 milhões de euros e exporta quase 10 mil toneladas de bacalhau seco.

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