29 de março de 2011

700 famílias ficam sem casa em 2011

Das 2000 pessoas que, em Janeiro e Fevereiro, contactaram o gabinete de apoio ao sobreendividado da Deco, só 600 tinham hipótese de renegociar.

Mais de 700 famílias portuguesas perderam este ano a casa onde viviam, por impossibilidade de pagamento da prestação ao banco. Apesar de executados em 2011, estes processos tiveram início em 2009 e 2010, estimando a Deco, associação de defesa do consumidor, que "a situação se agrave nos próximos meses".

"Nos primeiros dois meses deste ano abrimos mais cem processos do que em igual período do ano passado e todos os dias nos bate à porta mais gente sem capacidade para fazer face às despesas", disse ao CM Natália Nunes, a coordenadora do Gabinete da Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco.

"Os processos que abrimos em Janeiro e Fevereiro (612) são relativos a pessoas que, em nosso ver, poderão ter hipótese de, com grandes sacrifícios, resolver a sua situação, mas a verdade é que nós fomos contactados por mais de duas mil pessoas e a maioria já estava numa situação de gravidade tal que já não era possível salvar os bens dos credores, na maioria das vezes, nem a casa", explicou Natália Nunes.

Também Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas, disse ao CM que nunca a organização se tinha deparado com tanta gente a pedir ajuda no sentido de tentar salvar a casa.

"Estamos perante um caso em que a lentidão da Justiça tem sido socialmente benéfica, ou seja, não assistimos a um mar de despejos, porque os processos vão-se arrastando nos tribunais", disse Eugénio da Fonseca, assegurando que "a Cáritas não consegue, de forma alguma, dar resposta às centenas de pedidos de ajuda ao pagamento de créditos à habitação que, nestes últimos meses, nos têm chegado".

Diz Eugénio da Fonseca que, "quando as pessoas batem à porta da Cáritas, já têm vendidos outros bens comprados a crédito, como carro ou mobílias, e pretendem, desesperadamente, salvar a casa".

Perante esta situação e atendendo ao facto de o mercado imobiliário atravessar um período de estagnação, os bancos estão a criar serviços especializados em renegociação de dívida, apostando no alargamento dos prazos.

"DESEMPREGO E CORTES SALARIAIS AGRAVAM SITUAÇÃO"


O aumento do desemprego e os cortes na Função Pública são, segundo Natália Nunes, os principais responsáveis pela situação de ruptura financeira de milhares de famílias. "Os casos mais graves verificam-se quando um elemento do casal fica desempregado e sem subsídio." Mas são cada vez mais os que deixaram de poder pagar devido aos cortes salariais no Estado, refere a responsável da Deco, acrescentando, "há muita gente que tem o orçamento de tal forma apertado que não consegue viver com menos cem euros por mês".

FONTE: Correio da Manhã

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