17 de março de 2011

Governo dramatiza. Silva Pereira já fala em "ruptura financeira"

Ministros esticam a corda e dizem que com chumbo ao PEC é inevitável a entrada do FMI.

Os juros exigidos à dívida portuguesa continuam a estreitar os caminhos que o governo pode tomar. Portugal será o tema principal da reunião do eurogrupo de amanhã, onde o recurso à ajuda será discutido, mesmo que não oficialmente
Os juros exigidos à dívida portuguesa continuam a estreitar os caminhos que o governo pode tomar. Portugal será o tema principal da reunião do eurogrupo de amanhã, onde o recurso à ajuda será discutido, mesmo que não oficialmente.

A dramatização do governo está a ser levada ao expoente máximo. Ontem, o ministro da Presidência alertou para a possibilidade de bancarrota como consequência do chumbo ao PEC.

"Constitui uma ameaça para uma ruptura quase imediata da capacidade de financiamento do Estado. Tem consequências na capacidade do Estado em conseguir honrar os compromissos, para que o sistema financeiro consiga mostrar-se sólido e para que as empresas consigam ter acesso ao crédito, manter a sua actividade e manter o emprego dos trabalhadores", declarou Pedro Silva Pereira, no mesmo dia de emissão de dívida a curto prazo, em que Portugal pagou juros mais altos do que a Grécia.

A lógica "ou eu ou o FMI", instituída por José Sócrates, foi recuperada pelo ministro das Finanças. "Inviabilizar a actualização do PEC é empurrar o país para a ajuda externa", disse Teixeira dos Santos. "Não é chantagem. É uma análise pura, fria e objectiva das consequências de decisões muito gravosas para o país", acrescentou. Também Osvaldo Castro, presidente da comissão dos Assuntos Constitucionais, diz que estamos perante uma "questão de salvação do país da bancarrota". Já Capoulas Santos, eurodeputado e director de campanha de José Sócrates ao congresso do PS, acusa o PSD de querer a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). "A intervenção do FMI é mais fácil, entram aqui sem dó nem piedade, mas o PSD não tem coragem para o dizer", diz ao i.

Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, o chumbo ao PEC é "o início de um filme de terror". "O que o PSD está a pedir ao país não é o final de um teatro, mas a abertura de um filme de terror, em relação ao qual, do lado do governo e do PS, nos empenharemos até ao fim para evitar", disse Lacão, acusando os sociais-democratas de estarem a levar a cabo uma "obstrução ao país, que comprometerá gravemente o esforço já pedido aos portugueses e o esforço já realizado".

O objectivo dos socialistas é evitar a todo o custo uma crise política e acalmar os mercados. O ministro da Presidência diz mesmo que há "muita gente a falar com extrema ligeireza sobre as consequências de uma crise política em Portugal". Capoulas Santos acusa os sociais-democratas de "tacticismo e oportunismo político" e de não apresentarem alternativas às medidas do governo. O líder da Juventude Socialista, Pedro Alves, diz ao i que o PEC é "indispensável", mas que se o PSD o chumbar então é "preciso uma clarificação eleitoral", tal como José Sócrates tinha pedido um dia antes. O Presidente da República, Cavaco Silva, escusou-se ontem a falar em crise política, um dia antes de receber Sócrates e Passos Coelho.

FONTE: Jornal i

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