21 de março de 2011
“Não me espetes mais a faca, amo-te tanto”
"Não me espetes mais a faca amor, amo-te tanto", suplicou Maria de Fátima, de 51 anos, enquanto o marido, Álvaro Ramos, continuava a esfaqueá-la até à morte. Golpeou-a 34 vezes, tomou banho, e ligou para os Bombeiros de Oliveira de Azeméis, mas como ninguém atendia o telefone foi a pé até ao quartel onde confessou o crime.
O relato das últimas palavras da vítima constam da acusação, agora deduzida, do Ministério Público (MP) de Oliveira de Azeméis. Álvaro Ramos responde por homicídio qualificado e violência doméstica agravada e vai ser julgado perante um tribunal de júri.
Os factos remontam a 4 de Agosto de 2010, quando Maria de Fátima chegou do trabalho, pelas 22h00. Foi a patroa, como sempre, quem a veio trazer, para evitar cenas de ciúmes. Ele esperava-a sentado na soleira da porta, mas a vítima, determinada a evitar nova discussão, não respondeu aos insultos e virou-lhe costas. O homicida pegou na faca que já tinha colocado em cima da mesa da cozinha e seguiu-a, começando de imediato a esfaqueá-la. Quase sem forças, Maria de Fátima suplicava para que ele não a matasse.
"Indiferente", o assassino "continuou a vibrar a faca no corpo da vítima, espetando-a sucessivamente, quer em partes vitais quer nos dedos, nos braços, nas pernas, nos ombros, no tórax, na boca, ao todo, num total de 34 golpes", diz o MP.
O martírio de Maria de Fátima começou logo que começou a viver com o homicida, em Julho de 2003. Não podia sair de casa, nem falar com ninguém.
O ano passado, a violência agravou--se, sempre por causa dos ciúmes doentios de Álvaro. O facto de ter sido julgado por violência doméstica também parece não o ter demovido. Foi condenado a um ano e quatro meses de cadeia e estava ainda com a pena suspensa quando matou a mulher. Ao juiz confessou todos os factos e mostrou-se indiferente com os seus actos e consequências.
FONTE: Correio da Manhã
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