14 de abril de 2011

346 milhões de euros 'voam' dos certificados de aforro

Os portugueses retiraram 346 milhões de euros dos Certificados de Aforro em Março, o valor de resgates mais elevado dos últimos oito anos. Quase metade deste dinheiro foi aplicado em Certificados do Tesouro, mas, ainda assim, mais de 150 milhões de euros fugiram dos instrumentos de poupança estatais.

O elevado valor de resgates contrasta com o baixo valor de novas subscrições que se fixou nos 34 milhões de euros, de acordo com os dados do boletim mensal de Abril do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) ontem divulgado.

Estas operações traduzem-se num saldo líquido negativo de 312 milhões de euros, o valor mais baixo desde 2003, o primeiro ano de que há registo destes movimentos na página de Internet do IGCP. No total, os portugueses tinham no final de Março 14,7 mil milhões aplicados em Certificados de Aforro.

Nos Certificados do Tesouro, o movimento foi o contrário. As subscrições atingiram os 189 milhões de euros, enquanto que os resgates ficaram pelos 38 milhões de euros. A soma total do valor aplicado neste veículos de poupança está nos 1,04 mil milhões de euros.

O valor retirado dos Certificados de Aforro “é muito para um único mês”, mas é o seguimento de uma tendência que se verifica desde as alterações à fórmula de cálculo da rendibilidade destes instrumentos de poupança em 2009, segundo afirmou ao Correio da Manhã, Leonor Coutinho, dirigente da Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros (SEFIN).

“As alterações afectaram o capital de confiança que os portugueses tinham nos Certificados de Aforro e é pena que isso aconteça, porque o Estado precisa da confiança dos portugueses. Foi um gesto infeliz que as pessoas não esquecem”, frisou Leonor Coutinho, adiantando que as taxas de juros destes veículos, embora estejam a subir, são muito baixas e não são concorrenciais face às de outros produtos. Os Certificados de Aforro estão indexados à taxa Euribor a três meses, que subiu 32,6 pontos de base desde o início do ano.

Neste cenário a SEFIN recomenda o investimento em Certificados do Tesouro. “Os Certificados do Tesouro estão indexados aos últimos leilões de Obrigações do Tesouro e, como tal, os juros oscilam entre os 6 e os 8 por cento, embora obrigando a um prazo de investimento entre os cinco e os dez anos”, explicou a responsável.

FONTE: Correio da Manhã

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