Sindicato dos Enfermeiros revela que há cada vez menos material terapêutico.
Os hospitais estão a pedir aos pais que comprem fraldas e leites terapêuticos – que substituem o leite materno – para os bebés enquanto estes estão internados. Há casos de doentes crónicos que têm de levar de casa os medicamentos para o período de internamento. As restrições ao material clínico e terapêutico também se fazem sentir, com os enfermeiros a confrontarem-se com a falta de produtos, como pensos para os doentes acamados, denuncia o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Guadalupe Simões, do SEP, afirma que o sindicato já recebeu queixas das restrições de materiais terapêuticos: "Os enfermeiros querem prestar cuidados e não podem. Têm de encontrar soluções porque em muitas unidades tardam a repor os fornecimentos."
Um exemplo que ilustra o problema é a falta de pensos para colocação em úlceras (escaras) em pessoas acamadas. Cada penso custa 100 euros. "Quando chega a altura de mudar o penso e não há o kit adequado, os enfermeiros têm de fazer o tratamento com outro material, que não tem o mesmo efeito terapêutico", revela a responsável do SEP.
Uma doente do Hospital de Cascais, gerido pelo grupo privado HPP, queixou-se de ter de levar os medicamentos de casa porque o hospital não dispunha. João Varandas, director clínico do hospital, negou ao CM "restrições à prescrição de medicamentos".
A ministra da Saúde, Ana Jorge, assegurou que "não vai haver falta" de medicamentos, apesar da crise financeira do País.
CORTES NA SAÚDE PREJUDICAM
Carlos Braga, do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP), afirma ao CM que é "recorrente as unidades solicitarem aos familiares que levem os medicamentos dos doentes e só depois destes acabarem é que os hospitais fornecem as terapêuticas". Quando o doente tem alta médica e regressa a casa, "não recebe medicamentos que reponham os que consumiu no período do internamento", o que o obriga a ter de comprar novos remédios. Carlos Braga acusa ainda "os sucessivos cortes na Saúde, que afectam os cuidados prestados às populações, como os fechos de unidades de saúde, a redução dos horários dos serviços, o aumento das taxas moderadoras e a redução dos exames médicos". Frisa ainda que "com os cortes orçamentais quem sofre é o utente. Não aceitamos isso e temos manifestado a nossa oposição às políticas do Governo". Carlos Braga critica ainda o Ministério da Saúde por não "apostar na prevenção da doença".
FONTE: Correio da Manhã
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