Administradores hospitalares e sindicatos dos médicos estão contra a iniciativa e alegam que pode ser confundida com financiamento encapotado.
A Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, está a pedir donativos às utentes no acto da marcação de consulta. A direcção da MAC justifica o pedido com a necessidade de compensar os cortes orçamentais. A iniciativa gera duras críticas dos administradores hospitalares e dos sindicatos dos médicos.
O director da maternidade, Jorge Branco, defendeu o pedido de donativos com o facto de ser prática comum em outros países. Este é mais um sinal da situação de ruptura que atinge o Serviço Nacional de Saúde.
Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), afirma que o pedido de donativos para uma conta bancária da instituição "pode ser confundido como uma forma de financiamento encapotado". O administrador sublinha que no estrangeiro e em Portugal os hospitais "pedem ajuda à sociedade civil para projectos concretos e não para financiar as instituições". Deu o exemplo do ‘Joãozinho’, que permitiu a construção de uma unidade pediátrica no Hospital de São João, no Porto.
O responsável da APAH frisa que os hospitais "quando assinam os contratos--programa estão a assumir o compromisso de funcionar com as verbas acordadas". "Se as unidades têm dificuldades orçamentais, devem resolver o problema internamente com os profissionais" e não tentar solucioná-los com a ajuda dos utentes.
Sérgio Esperança, presidente da Federação Nacional dos Médicos, também critica o pedido de dinheiro: "Não se admite que uma instituição peça donativos aos utentes, especialmente quando estão numa situação de fragilidade. É inacreditável, não me parece que seja uma medida aceitável." O dirigente salienta que os donativos da sociedade civil às instituições devem ser justificados quando existem projectos para concretizar.
O Ministério da Saúde, questionado pelo Correio da Manhã, afirma que "este tipo de iniciativas é da competência da gestão das instituições" e que por isso "não carece de autorização prévia".
FALTA DE MÉDICOS E HORAS EXTRA EM EXCESSO
No início de Abril, a Maternidade Alfredo da Costa denunciou a falta de recursos humanos, ao nível do pessoal médico, e que essa situação poderia levar a uma ruptura do serviço de Urgências, principalmente no período dos feriados da Páscoa, 22 e 24 de Abril, e do 25 de Abril. Em causa estava ainda o facto de os médicos ultrapassarem o limite imposto por lei das 200 horas extraordinárias por ano e de recusarem fazer mais horas. Jorge Branco, responsável pela MAC, garantiu que a ministra da Saúde, Ana Jorge, tinha conhecimento da situação.
FONTE: Correio da Manhã
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