1 de junho de 2011

Alugam barriga por cem mil euros

Há mulheres que são ‘barrigas de aluguer’ em Portugal, apesar de ser um crime que dá prisão até dois anos. Estas mulheres chegam a cobrar até cem mil euros para ‘carregar’ no útero uma criança que não será delas. A Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) defende que, para acabar com esta prática, a lei de procriação medicamente assistida não deveria excluir a maternidade de substituição.

Amélia (nome fictício) tem 24 anos e foi a "situação financeira" que a levou a alugar o útero. O emprego "mal dava para pagar as contas" e perseguia o sonho de ter casa própria. Viu no aluguer do útero uma "forma rápida de ganhar um bom dinheiro" e vai no segundo contrato, que em breve deverá resultar em mais uma gravidez. Quem a procura, nomeadamente pela internet, são "casais impossibilitados de ter filhos, casais homossexuais, homens que não querem responsabilidades com a mãe dos filhos ou pessoas sozinhas que precisam de companhia". Era português o casal a quem entregou a primeira criança. Sem especificar quanto recebeu, Amélia diz que normalmente os preços vão de 30 mil a 100 mil euros.

Filomena Gonçalves, vice-presidente da APF, considera que enquanto a maternidade de substituição for proibida "haverá casais que, além de terem sobre si o peso da sua doença, têm também a espada da justiça". A APF já foi contactada por casais que equacionavam a barriga de aluguer, mas desconhece a concretização dessa intenção em Portugal.

CONTRATOS SÃO "UM CRIME"


O juiz Eurico Reis, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), desconhece a existência de "barrigas de aluguer" em Portugal e esclarece que os contratos são "crime" se envolverem dinheiro. Caso contrário, são nulos. "Sinceramente, julgava que os casais portugueses estavam a usar apenas outros países para concretizar a sua vontade de ter filhos nessas circunstâncias", afirmou.

Eurico Reis referiu que "o desejo de ter filhos pode ser mesmo muito forte e, ao fim e ao cabo, é, inegavelmente, um sentimento natural", acrescentando que "a circunstância de esta prática ser legal em muitos outros países que não podem ser considerados estranhos à nossa concepção de civilização faz desaparecer das consciências a ideia de que esta proibição é ou pode ser justificável".

FONTE: Correio da Manhã

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