Acusações de facilitismo no ensino público multiplicaram-se ontem devido às perguntas elementares do teste intermédio de Físico-Química do 9º ano, elaborado pelo Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE ) do Ministério da Educação. Numa delas, são enunciados todos os planetas do sistema solar e depois pergunta-se aos alunos quantos são. "Saber contar até oito, sejam planetas ou borboletas, ao fim de 9 anos de escola, não é uma meta de aprendizagem aceitável", critica Carlos Fiolhais, professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra, acrescentando: "É um indicador do estado calamitoso do nosso ensino. Há facilitismo para mostrar bons resultados para a estatística".
Para Fiolhais, nos últimos anos deu-se "um processo de estupidificação geral, mas somos todos tomados como capazes". "No fundo, isto é um ataque à escola pública e um convite às pessoas para porem os filhos no privado", afirmou.
A Sociedade Portuguesa de Física (SPF) considera que a questão referida "não avalia nenhum conhecimento científico, apenas a literacia de leitura". E refere que o teste tem "diversos itens" em que "o que é pedido ao aluno é demasiado elementar", indicando mais duas questões concretas.
Já o Ministério da Educação considera que "não faz sentido associar o grau de dificuldade de uma prova a uma ou duas perguntas que podem e devem ser fáceis". "Uma prova bem elaborada tem de incluir também este tipo de questões, as quais permitem detectar dificuldades de aprendizagem que, embora elementares, só assim poderão ser conhecidas e ultrapassadas na continuação do processo de ensino-aprendizagem", refere o gabinete de Isabel Alçada, lembrando que as provas não podem ignorar a "amplitude nos resultados entre as diversas escolas". O ME diz ainda que as notas destes testes "estão, em regra, muito abaixo" das notas de frequência.
FONTE: Correio da Manhã
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